A prefeitura de Taquari, município localizado a 100 quilômetros de Porto Alegre, retirou no final da tarde desta terça-feira (16) um busto do general Arthur da Costa e Silva instalado desde 1976 junto ao parque da Lagoa Armênia. Costa e Silva, que nasceu na cidade em 1899, foi um dos 377 agentes da ditadura citados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) como violadores dos direitos humanos. O busto foi retirado por uma retroescavadeira e, segundo o prefeito Maneco Hassen (PT), transferido "intacto" para o museu que o homenageia, instalado na casa onde morou com a família. A medida não foi amparada em nenhum ato administrativo.
No monumento, uma placa informava que, "nesta lagoa Armênia, na infância, (Costa e Silva) organizou seu primeiro pelotão de meninos". Também relata que, "em hora difícil, presidente da República, comandou com altruísmo o Brasil e o povo brasileiro". Costa e Silva foi o segundo general a comandar o país depois do golpe de 1964 e um dos mentores do AI-5, editado em 1969 e que recrudesceu a tortura e os desaparecimentos durante a ditadura. O general morreu em dezembro de 1969 devido a uma trombose cerebral.
Segundo Hassen, a divulgação do relatório final da CNV há uma semana foi o que fez com que a administração municipal tomasse a decisão de retirar o busto. A homenagem, segundo o prefeito, "não faz mais sentido". "O relatório comprovou as atrocidades cometidas pelo general, que não merece homenagem num local que é ponto de manifestações de arte e de cidadania do município. Nós sabemos que Costa e Silva era frontalmente contra qualquer tipo de manifestação popular", justificou Maneco.
A derrubada da estátua foi gravada em vídeo e postada em uma rede social. Até o final da noite de terça-feira, o vídeo havia sido visualizado por mais de 70 mil pessoas e compartilhado por outras 2 mil. Vereadores de oposição tentaram impedir a derrubada do busto, mas não conseguiram. "Junto com a comunidade, estamos perplexos. Em nenhum momento fomos consultados sobre a medida. O prefeito pode até concordar com o relatório da Comissão sobre o general Costa e Silva, mas existe um rito processual no município que não foi cumprido", reclamou o vereador João Batista Bastos Pereira (PSDB).
A Câmara pretende encaminhar uma denúncia ao Ministério Público acusando Maneco Hassen de improbidade administrativa. Em uma nota publicada à noite, a prefeitura informou que o monumento ficará à disposição da população no museu Costa e Silva, junto a uma cópia do relatório final da CNV "para que a história seja conhecida na totalidade que foi possível escrevê-la".
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