O presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, indiciado neste domingo (19) pela PF por vários crimes, negou ter relações de amizade com o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano. Mas o executivo não explicou, no depoimento à PF, porque, em outubro de 2012, vendeu um barco de sua propriedade para Baiano por R$ 1,5 milhão. Baiano, que também foi indiciado neste domingo no mesmo inquérito, é acusado de ser um dos operadores da Andrade junto à Petrobras.
Otávio de Azevedo negou, no depoimento ao delegado Eduardo Mauat da Silva, ter feito parte do esquema para fraudar licitações da Petrobras. No depoimento, anexado ao relatório por Mauat, Azevedo diz que nunca pagou vantagens ilícitas a funcionários e dirigentes da Petrobras e que, tão logo foi deflagrada a Lava Jato, foi realizada uma auditoria interna que constatou que a empresa não teria envolvimento com os ilícitos.
Propina
Azevedo reconheceu que participou de reunião com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, réu confesso na Lava Jato. Otávio disse que a reunião tinha “finalidade de tratar da posição da empresa perante a Petrobras, sendo ponderado que a Andrade deveria ter participação maior nas obras da estatal”. Costa recebeu pelo menos US$ 23 milhões na Suíça por conta de propinas pegas pelas empreiteiras.
Outro diretor da Andrade Gutierrez preso na Lava Jato, Elton Negrão de Azevedo Junior, admitiu ter participado de reuniões com outras empreiteiras para debater assuntos “de interesse comum”. No depoimento à PF, Negrão disse que as reuniões não se tratavam de ajustes das empreiteiras, mas sim de discutir reajustes dos contratos com a Petrobras que, segundo ele, não estavam seguindo a inflação. Negou ter pago propinas a diretores da estatal. Elton disse que encontrava com Baiano em eventos sociais. Rogério Nora de Sá, ex-presidente da Andrade Gutierrez e outro indiciado pela PF, disse que só teve relações institucionais com os ex-diretores Costa e Renato Duque, acusados de receber propinas das empreiteiras.
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