O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu adiar para terça-feira (29) a votação do pacote de combate à corrupção (Projeto de Lei 4850/16). O plenário da Câmara havia aprovado, no início da tarde desta quinta (24), o regime de urgência para a tramitação da proposta e a votação simbólica (ou seja, não haveria votação nominal, em que o voto do deputado fica registrado). Nos bastidores, o voto simbólico foi interpretado como uma forma de evitar a pressão popular sobre parlamentares que eventualmente aprovem a anistia ao caixa 2 eleitoral e outras medidas que beneficiem políticos. Na Câmara, há uma forte articulação de bastidor para enfraquecer a proposta e tentar livrar políticos de futuras punições por crimes.
Maia disse que, desta quinta (24) até a semana que vem, vai se reunir com líderes e presidentes de partido para tratar sobre a proposta, aprovada na madrugada pela comissão especial que trata do assunto. “Não pode [vota] sem debate. E não precisamos de afogadilho nem aprovar 100% do relatório, nem rejeitar 100% do relatório”, disse. Maia ressaltou que a decisão do plenário é soberana e negou que haja qualquer manobra para aprovar ou rejeitar qualquer texto. “O nosso plenário tem independência para votar todas as matérias, para aprovar qualquer texto, para rejeitar qualquer texto e ninguém pode se sentir prejudicado por esta decisão soberana”, disse.
O presidente da Câmara também negou que haja articulações para incluir na medida a anistia ao caixa dois eleitoral. “Vamos acabar com essa discussão de anistia, não há anistia de um crime que não existe. É só um jogo de palavras para enfraquecer e desmoralizar o Parlamento”, disse.
Sem digitais
O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou, no início da tarde, em votação simbólica, um requerimento para votações nominais na votação do pacote das medidas de combate à corrupção aprovado na madrugada desta quinta na comissão especial. Essa decisão permite que os deputados votem, sem deixarem suas “digitais”, uma emenda ao pacote de medidas de combate à corrupção que, ao invés de reforçar o combate aos crimes, fará justamente o contrário: blindar parlamentares e outros políticos de eventuais punições por terem recebido recursos não contabilizados.
Partidos como PSol, Rede, PHS protestaram, pediram verificação da votação (o que significa voto no painel eletrônico), mas o pedido não foi atendido. O PDT, que inicialmente apoiava o pedido de verificação, retirou o apoio.
Durante a sessão, líderes partidários da Câmara mudaram a orientação de voto original para suas bancadas a fim de impedir a votação nominal do pacote anticorrupção. Os líderes deixaram às pressas, a reunião que ocorria na presidência da Casa, para reorientar suas bancadas a votar contra o pedido do PSol. PT, PSB, PSDB, PSD e os demais grandes partidos foram mudando a orientação.
A anistia ao caixa 2, por exemplo, impediria enquadrar parlamentares criminalmente por corrupção e lavagem de dinheiro, base das imputações penais feitas pela Operação Lava Jato.
Essa ação, com o aval da cúpula da Câmara e do Senado, ocorre às vésperas da conclusão do acordo de delação premiada da Odebrecht, que deve envolver até 300 políticos de partidos da base, como PMDB, PSDB e DEM, e da oposição, como o PT.
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Defesa de Braga Netto diz que provará que não houve obstrução das investigações
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
Da revolução à ruína: a fraqueza original que selou o destino do comunismo soviético