O vereador Ademir Strechar (PMDB), presidente da Câmara de Guarapuava, no Centro-Sul do estado, foi preso em flagrante, na tarde desta terça-feira (25), acusado de se apropriar de parte dos salários de um funcionário da casa de leis. De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a prisão ocorreu no momento em que o vereador recebia do servidor parte dos vencimentos. Há indícios de que outros funcionários também fossem obrigados a repassar parte dos salários a Strechar.

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A prisão ocorreu no gabinete da presidência da Câmara. De acordo com o Gaeco, Strechar estava com R$ 12 mil em dinheiro: R$ 1 mil que ele havia acabado de receber do servidor. O presidente da casa também portava uma série de holerites de outros funcionários, o que reforça a hipótese de que o esquema abranja outros servidores. "É no mínimo estranho um presidente de Câmara andar com holerites dos funcionários e remunerá-los pessoalmente", observou o promotor.

O Gaeco descobriu o esquema após denúncia do próprio servidor. Antes de repassar a metade do salário deste mês a Strechar, ele anotou os números de série das cédulas para comprovar o crime. "Inicialmente, ele [Strechar] quis justificar, dizendo que o dinheiro era fruto de outra atividade, mas acabou reconhecendo o crime", disse Cortesia.

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No fim da tarde desta terça-feira, o Gaeco cumpria mandados de busca e apreensão na Câmara. Todo o material deve ser analisado e, segundo o promotor, as investigações terão continuidade.O esquema

De acordo com o Gaeco, o esquema foi articulado pelo próprio Stracher e funcionava pelo menos desde 2009. O presidente da Câmara fazia pessoalmente o pagamento dos salários aos servidores em cheque. Em seguida, os funcionários descontavam o cheque em banco e repassavam o equivalente a metade dos vencimentos ao vereador.

O promotor informou que o único alvo da operação era o presidente da Câmara e que, nesta oportunidade, outros vereadores não seriam investigador. Strechar vai responder por peculato. Como tem foro privilegiado, ele deve permanecer detido em uma prisão especial. A Gazeta do Povo tentou ouvir por telefone com a Câmara de Guarapuava, mas não conseguiu contato.

Colombo

Um vereador de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, foi preso duas vezes neste ano, acusado do mesmo crime. Joaquim Gonçalves de Oliveira (PTB), conhecido como Oliveira da Ambulância, foi preso no dia 25 de agosto, pelo Gaeco. De acordo com as denúncias, ele recebia parte dos salários de três servidores vinculados ao seu gabinete.

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O vereador foi posto em liberdade, mas foi preso novamente no dia 12 de setembro, depois que o Gaeco constatou a veracidade das denúncias. Oliveira da Ambulância está detido no Centro de Triagem II, em Piraquara, região metropolitana

Denúncias antigas

Um ex-assessor de Oliveira já havia feito uma denúncia contra o vereador pela suposta irregularidade. Em 2008, Nivaldo Vieira da Fonseca Neto contou que recebia apenas R$ 400 do salário que deveria ganhar na Câmara - R$ 3.070 na época.

"São ex-assessores que foram mandados embora por mim porque não trabalhavam. São denúncias vazias", reagiu Oliveira, à época da denúncia. Mesmo assim, Oliveira escapou do processo de cassação por apenas um voto. Oito, dos 13 vereadores, votaram pela perda do mandato, quatro se mostraram contra e o presidente da Casa, vereador Onéias Ribeiro de Souza (PT), não votou. Para a cassação, eram necessários nove votos a favor.

Em junho de 2007, o vereador foi absolvido - também por apenas um voto - depois de ser preso acusado de acorrentar e espancar o enteado de 9 anos. No mesmo ano, Oliveira foi detido por duas vezes.

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