Brasília (Folhapress) Avaliando que a entrevista na qual o ministro Antônio Palocci (Fazenda) rebateu as acusações de corrupção deu novo fôlego ao governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que vai voltar a se pronunciar a respeito da crise política e pediu aos ministros Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça) que articulem uma reunião dos chefes dos Três Poderes da República.
A data de uma nova abordagem pública da crise política não está definida. Lula resiste, por exemplo, a conceder uma entrevista coletiva. Ele está analisando o tom, o mérito e a forma dessa fala. Pode, por exemplo, fazer novo pronunciamento de tevê e rádio. A reunião com os chefes do poderes Legislativo e Judiciário tem o objetivo de discutir o que Lula considera "abusos e leviandades" na crise política e reafirmar que o governo deseja investigar "todas as acusações de corrupção com tranqüilidade e observando a lei", disse um auxiliar do presidente.
Ontem, quando o fechamento do mercado financeiro mostrou que surtira efeito a entrevista de Palocci e o seu programa de rádio cacifando o ministro da Fazenda, Lula se mostrou aliviado. "Ganhamos uma chance para respirar", disse, segundo relato de interlocutores.
No domingo, numa entrevista de mais de duas horas, Palocci negou à acusação advogado e ex-assessor Rogério Tadeu Buratti de que autorizou a entrega de R$ 50 mil mensais ao PT quando prefeito de Ribeirão Preto. Respondeu ainda detalhadamente a informações sobre a relação com Buratti. O dólar caiu 2,65%, fechando em R$ 2,385, e a Bolsa subiu. Na sexta-feira passada, dia em que o ministro da Fazenda foi acusado, o dólar subiu e a Bolsa caiu.
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