O empresário Paulo César Roxo, que foi preso na última fase da Operação Lava Jato, disse em depoimento ter recebido em 2014 um pagamento de 200 mil euros em espécie destinado à coligação do ex-senador Gim Argello, também detido pela Polícia Federal.
Argello é suspeito de cobrar propina de empresários para não convocá-los para depoimentos na CPI da Petrobras, em 2014. O ex-senador foi acusado pelos delatores Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC, e Júlio Camargo, que representava a Toyo Setal.
Roxo, ao ser ouvido pela Polícia Federal na última sexta-feira (15), disse que esteve em um escritório de Júlio Camargo no Rio em julho de 2014 e que recebeu de uma secretária um envelope com os 200 mil euros.
Falou também que entregou a quantia a Argello logo depois, em Brasília. Disse que o então senador recebeu o envelope “com naturalidade, sem mostrar surpresa” e que pediu ao político para que “não o colocasse mais naquelas situações”.
Roxo se identifica como empresário de mídia exterior e afirma que atuou na campanha eleitoral do Distrito Federal do PR, partido que se coligou com Argello.
O empresário afirmou que o então senador procurava não se vincular diretamente aos pagamentos dos empreiteiros. Por isso, afirmou, foi designado para buscar o repasse e os pagamentos acabaram destinados a partidos aos quais Argello era aliado, como o DEM e o PRTB.
Em depoimento, também na semana passada, Camargo disse que Argello cobrava de cada empresa R$ 5 milhões para não convocar os empreiteiros à CPI.
Disse ainda que pagou em espécie R$ 200 mil a Valério Neves Campos, também preso na Lava Jato e contador que trabalhava na campanha eleitoral do PT.
Campos nega. Afirmou também à PF que só tratou com o representante da Toyo Setal de recibos de doações oficiais feitas à campanha.
Roxo e Campos foram soltos na última sexta-feira (15). Argello está detido preventivamente (sem prazo definido).
A defesa não se manifestou sobre o assunto. A família dele diz que a prisão é injustificada e baseada em denúncias não comprovadas.
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