A Polícia Federal começará a ouvir este sábado, em Brasília, o depoimento dos 25 detidos na Operação Hurricane (furacão, em inglês), a maior de combate à corrupção no Judiciário. A operação é apenas o primeiro passo para desarticular uma organização criminosa que estaria infiltrada no Judiciário e no Executivo.
Os detidos são acusados de corrupção, exploração de jogos ilegais e tráfico de influência. Os 23 presos no Rio foram transferidos para Brasília durante a madrugada deste sábado e chegaram por volta das 6h30m na cidade. Eles viajaram em um jato EMB-145, da Força Aérea Brasília (FAB), e foram levados para a Superintendência da Polícia Federal. Eles estão distribuídos por sete celas. Por volta das 10h, tomaram um café da manhã. No menu, frutas, pão e café preto. Do lado de fora, os advogados dos presos reclamaram que foram impedidos de ter contato com os clientes, mas o delegado regional-executivo da PF, Ângelo Gioia, disse que os presos estavam sendo revistados e o contato foi impedido por questões de segurança.
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), César Britto, disse, por meio de nota, que reclamará ao ministro da Justiça, Tarso Genro . Segundo ele, o impedimento de acesso dos advogados a seus clientes pode fazer com que o processo da investigação seja anulado.
A prisão temporária dos 25 suspeitos de envolvimento na rede de corrupção foi decretada e eles podem permanecer na prisão por cinco dias, podendo esse prazo ser prorrogado por mais cinco dias. Entretanto, os advogados dos presos já entraram com pedido de relaxamento da prisão.
Os presos
Entre os presos estão desembargadores, funcionários da Polícia Federal e o ex-vice-presidente do 2º Tribunal Regional Federal (TRF) desembargador José Eduardo Carreira Alvim, afastado na quinta-feira, além dos contraventores Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro; Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor, campeã do carnaval carioca de 2007; e Antônio Petrus Kalil, o Turcão. Os bicheiros estavam no grupo de 14 contraventores condenados por formação de quadrilha pela juíza Denise Frossard, em 1993.
Além do desembargador José Eduardo Alvim; foram presos o desembargador Ricardo Regueira, também do TRF do Rio; o juiz Ernesto da Luz Pinto Dória, do Tribunal Regional do Trabalho de Campinas (SP); e o procurador Regional da República João Sérgio Leal Pereira. Também foram presos o advogado Virgílio de Oliveira Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina. Além deles, foram detidos os delegados federais Carlos Pereira da Silva, chefe da PF em Niterói, Luiz Paulo Dias de Mattos e Susie Pinheiro de Matos, bem como outras 14 pessoas, algumas ligadas a casas de bingo e bancas do bicho no Rio.
Liminar em favor de bingos por R$1 milhão
Gravações revelaram irmão do ministro Paulo Medina negociando sentença com advogado de importadoras de caça-níqueis. Os advogados Virgílio de Oliveira Medina e Sérgio Luzio Marques de Araújo, o Sérgio Maluquinho, são personagens de uma das mais importantes conversas gravadas no grampo da Operação Hurricane. Nela, Virgílio negocia com Sérgio, advogado de empresas importadoras de máquinas de caça-níqueis, uma decisão judicial por R$1 milhão . A decisão atenderia aos interesses de donos de bingos.
As ordens de prisão foram expedidas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso, a pedido do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. A organização é acusada de vender decisões judiciais e informações privilegiadas favoráveis aos bicheiros e donos de casas de bingo e de máquinas caça-níqueis. O grupo também é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção, entre outros crimes.
Investigações começaram há mais de um ano
As investigações sobre a organização começaram há pouco mais de um ano, a partir de dados recolhidos nas operações Gladiador e Cerol, destinadas a apurar corrupção de servidores públicos por bicheiros e donos de bingos no Rio. A Operação Gladiador foi desencadeada em dezembro para desarticular uma quadrilha formada por policiais civis e militares, que garantia proteção aos bicheiros Rogério Costa de Andrade e Silva e Fernando de Miranda Iggnácio. Na Operação Cerol, foram presos em julho passado seis delegados federais e outras 11 pessoas, sob acusação de fraudes no recolhimento de impostos, contrabando e tráfico de influência.
No início, a investigação da Operação Hurricane estava centrada em um pequeno grupo de bicheiros no Rio. Numa segunda etapa, os policiais descobriram indícios de envolvimento de desembargadores e de Virgílio Medina, irmão de Paulo Medina, ministro do STJ. A partir daí, o STF assumiu o controle das investigações. Pelo Constituição, cabem ao STF os casos relacionados a ministros de tribunais superiores.
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