O conflito entre PMDB e PT poderia ter sido evitado se os ministros tivessem mais paciência na formação de suas pastas. A opinião é compartilhada por dois deputados federais do Paraná com trânsito no comando nacional de suas legendas: André Vargas, secretário de Comunicação do PT, e Rodrigo Rocha Loures, que faz parte da executiva nacional do PMDB.

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"Se é um governo de continuidade, e se o governo Lula foi muito bem avaliado, não há necessidade de muitas mudanças. Mas, na pressa de ajustar suas equipes, alguns ministros provocaram uma turbulência", avalia Vargas. Entretanto, ele ressaltou que a disputa por cargos é uma situação normal. "É assim que funciona o sistema democrático brasileiro. Se alguns partidos se uniram e ganharam a eleição juntos, eles precisam governar juntos. Mas há a discussão sobre quais são os melhores quadros para ocupar determinadas funções", acrescentou.

Vargas rechaçou que os conflitos sejam considerados o preço da aliança com o PMDB. O partido contribuiu com quase seis minutos (de um total de dez) no programa eleitoral da campanha de Dilma Rousseff (PT). Além disso, o partido elegeu 16 senadores e 79 deputados federais, número expressivo para garantir votações tranquilas ao Planalto – desde que não haja rebelião.

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Para Rocha Loures, a situação foi amenizada ontem porque a presidente Dilma concordou em postergar as nomeações de segundo escalão. Entretanto, segundo ele, ainda há uma crise, e é preciso enfrentar isso. "Estamos discutindo a relação. Houve avanço do PT sobre espaços históricos do PMDB, e o problema foi a forma como aconteceu. Não fomos comunicados nem participamos das decisões." Ele diz que os peemedebistas querem ajudar o PT a fazer um bom governo, e por isso estão alertando o Planalto "dos riscos de precipitar anúncios de nomeações".

Valor maior

A indicação de veto a uma proposta de salário mínimo superior a R$ 540 também foi criticada por Rocha Loures. "Esse sempre é um debate complexo. A declaração do Guido Mantega tensionou o Congresso, pois ele é soberano para votar. É como o nosso líder, Henrique Alves, afirmou: precisamos ser convencidos de que um reajuste de R$ 540 é suficiente." Centrais sindicais também pedem um valor maior, já que o aumento foi prejudicado pelo crescimento econômico quase nulo que o Brasil teve em 2009.