Sem tempo para negociar com os partidos as mudanças no Ministério, por causa da crise que levou à demissão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai nomear como novos ministros os secretários-executivos de cinco ministérios, cujos titulares deixarão seus cargos até sexta-feira para disputar as eleições. Mas, de olho no ano eleitoral, petistas e aliados do PL e do PMDB ainda vão tentar uma indicação política para os ministérios da Saúde, dos Transportes e da Integração Nacional, respectivamente.

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O único cargo que continua sem definição é o do Ministério das Relações Institucionais, onde persiste a dúvida sobre a permanência ou não do ministro Jaques Wagner, que é candidato ao governo da Bahia.

- Estou avaliando os dois projetos. Vou tomar uma decisão onde o ganho maior é o que melhor atenda ao projeto do presidente Lula. Mas entendo que a substituição de um ministro, na conjuntura atual, é mais simples do que a substituição de um candidato que reúne o consenso das forças políticas - disse Jaques, que tem sido bem-sucedido na montagem de uma ampla aliança, ainda que informal, em torno de sua possível candidatura.

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Caso se confirme sua saída do governo, o presidente Lula avaliará três alternativas: o governador Jorge Viana (AC) e os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Sigmaringa Seixas (PT-DF). O mais cotado é Greenhalgh, muito acionado nestes dias para administrar a crise Palocci e que ontem reuniu-se com Jaques Wagner e depois com a chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.

Um dos ministros que sairá do governo até sexta-feira, prazo final da desincompatibilização, confirmou que, por falta de tempo mesmo para negociar com os partidos, o presidente Lula vai nomear de ofício os secretários-executivos e depois negociar uma solução definitiva com os partidos.

Os secretários-executivos que assumem os ministérios na sexta-feira são: Pedro Brito Nascimento, da Integração Nacional; José Agenor da Silva, da Saúde; Paulo Sérgio de Oliveira Passos, dos Transportes; Orlando Silva Junior, dos Esportes; e, Guilherme Cassel, no Desenvolvimento Agrário. Destes, Orlando e Cassel devem permanecer em seus cargos, pois esta é a vontade dos atuais ministros Agnelo Queiroz (PCdoB) e Miguel Rossetto (PT).

Já nos Transportes, na Integração Nacional e na Saúde ainda será necessário negociar com os partidos os nomes de seus futuros ocupantes. Há uma queda de braço entre o ministro Alfredo Nascimento, dos Transportes, e seu partido, o PL. O ministro quer deixar o cargo para o secretário-executivo Paulo Sérgio Passos, mas os parlamentares do PL apresentaram na Casa Civil uma lista de três nomes: Juquinha das Neves, da Valec; Mauro Barbosa, do Dnit; e Kenedi Trindade, do DER-GO.

- A bancada quer indicar o ministro - confirmou o líder do PL, deputado Sandro Mabel (GO)

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O PSB está acertado com o ministro Ciro Gomes e quer a permanência de Pedro Nascimento na Integração Nacional. Mas existe uma reivindicação do PT para reassumir a Saúde, deslocando o PMDB para a pasta da Integração Nacional. Se esta proposta prevalecer, os petistas querem que o atual secretário de Gestão Participativa do Ministério, Antonio Alves, assuma a vaga do peemedebista mineiro Saraiva Felipe.

Os peemedebistas, por enquanto, não aceitam a mudança e o nome mais forte para assumir a pasta é o atual presidente da Funasa, Paulo Lustosa. Embora existam outras duas indicações, a dos deputados Marcelo Castro (PI) e Jorge Alberto (SE). Mas como a pasta da Integração Nacional já foi cobiçada outras vezes pelo PMDB, uma negociação neste sentido não é impossível.

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