O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, disse, durante entrevista coletiva nesta segunda (14), em Curitiba, que atribuir a corrupção a um partido “interfere e atrapalha a investigação” e que o compromisso da operação é investigar “a todos”.
Para o procurador, é preciso ter em mente que o “inimigo comum à esquerda e à direita é a corrupção, que é apartidária e existe desde o período colonial no Brasil”.
Ele rebateu as críticas de que a Lava Jato persegue o PT, como foi veiculado numa cartilha do partido no mês passado.
O procurador afirmou que a operação atinge “circunstancialmente” PT, PMDB e PP por serem esses os partidos que dividiam a nomeação de cargos na Petrobras no atual governo. “Isso não significa que não exista uma corrupção idêntica ou muito parecida antes desse governo, ou em administrações estaduais e municipais”, afirmou Dallagnol.
“Agora, numa investigação, é como se você estivesse seguindo um veio de uma mina. Uma prova leva à outra”, comparou o procurador. “É possível que existam outras minas em outros lugares, a alguns metros de distância, mas não tem como adivinhar que ela existe. Não tem por onde puxar.”
IMPEACHMENT
Os procuradores preferiram não se manifestar sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) quando questionados a respeito. “O tabuleiro de xadrez do momento político do país é tão grande, tão complexo, que é difícil entendermos o que acontece hoje, quanto mais especular em relação ao futuro”, afirmou Dallagnol.
Os procuradores presentes à coletiva afirmaram que, até aqui, não houve interferência ou pressões políticas em relação aos rumos da Lava Jato -opiniões corroboradas pelo delegado da PF Maurício Moscardi Grillo e pelo auditor da Receita Federal Roberto Leonel de Oliveira Lima.
Eles não fizeram comentários sobre uma eventual mudança nesse cenário caso o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assuma o governo.