Os promotores que pediram a prisão do advogado Rogério Buratti fizeram um acordo com ele e aceitaram a delação premiada. Em troca da redução da pena, caso seja condenado, Buratti prometeu dar detalhes sobre um outro inquérito que investiga fraudes em licitações públicas de coleta de lixo, em dez cidades paulistas.
Buratti foi secretário de governo de Ribeirão Preto quando o atual ministro da Fazenda, Antônio Palocci, era prefeito. Buratti também é investigado pela CPI dos Bingos por tentativa de extorsão.
O Ministério Público de São Paulo divulgou nesta quinta trechos da gravação que levou Buratti à prisão por tentativa de destruição de documentos. Preso desde quarta-feira, ele é acusado de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha na compra irregular de três fazendas e duas empresas de ônibus no interior do estado.
O corretor de imóveis que fez as transações, Claudinete Mauad, também foi preso. Uma das provas do MP são gravações feitas com autorização de Justiça de conversar entre Buratti e o corretor.
Na gravação, os dois conversam sobre a apreensão de documentos na casa do corretor:
Buratti: Achou?
Corretor: Achou. Não teve jeito de eu esconder, não deu tempo. Eles chegaram primeiro que eu. Eu não tava em casa, chegaram, reviraram tudo, minha mulher dormindo, ela tava dentro do quarto, o senhor precisa ver. Como se a gente fosse um bandido, que nem fez na casa do senhor.
Buratti: Sei.
Corretor: Mesma coisa. Eles cataram tudo, pegou minha pasta, tudo.
Buratti: Eram quais compromissos?
Corretor: Eu só não tinha o compromisso de Ituverava e de Franca. O da Fazenda Buriti eu tinha, da troca da empresa de ônibus eu tinha o relatório, tinha tudo. Eu não tive jeito de não falar. Eles sabiam de tudo, sabiam que eu ia encontrar com o senhor hoje cedo, pensa bem.
Buratti: Sabiam?
Corretor: Sabiam. O senhor vai para o Rio de Janeiro depois de amanhã, né? Sabiam do detalhe da venda de tudo, doutor.
Buratti: Nossa senhora.
Corretor: É impressionante!