O “oxigênio” – como era chamada a propina cobrada de empreiteiras no esquema liderado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) – foi usado para bancar desde bens e serviços de luxo até mercadorias corriqueiras para a família do peemedebista. Na lista investigada pela Operação Calicute, ação conjunta das força-tarefa da Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro, constam viagens internacionais, idas a restaurantes sofisticados, compras de joias, aluguel de lanchas e helicóptero.
As investigações apontam que também foram pagos com o dinheiro de propina seis vestidos de festa para a mulher de Cabral (Adriana Ancelmo), blindagem de veículos, móveis de escritório, parcela de compra de carro e até o cachorro-quente numa festa do filho de Cabral, Mateus. A mulher de Cabral foi alvo de condução coercitiva na manhã desta quinta-feira para prestar depoimento.
Os seis vestidos de festa para Adriana custaram, segundo o Ministério Público Federal (MPF), R$ 57.038,00. O valor dos trajes, segundo os investigadores, foi dividido em sete vezes. Em 7 de janeiro de 2014, Adriana Ancelmo fez quatro depósitos, um de R$ 5.238,00 e três de R$ 9.900,00. Em março seguinte foram três depósitos: um no dia 19 no valor de R$ 6.100,00 e dois no dia 20 nos valores de R$ 7 mil e de R$ 9 mil. O Ministério Público Federal chamou atenção para os pagamentos fracionados com valores abaixo de R$ 10 mil.
“O fracionamento dos depósitos em valores inferiores a R$ 10 mil indica que os pagamentos foram deliberadamente estruturados para evitar a necessidade de identificação do depositante e escapar à fiscalização”, diz a força-tarefa.
Na investigação, os procuradores destacaram alguns pagamentos. Em 7 de maio de 2014, Adriana Ancelmo comprou móveis no valor de R$ 33.602,43. Em 12 de agosto de 2015, a ex-primeira-dama pagou R$ 25 mil em espécie - de um total de R$ 40 mil -–em dois mini buggys.
Entre dezembro de 2009 e julho de 2014, a mulher de Cabral adquiriu eletrodomésticos por um valor total de R$ 110.262,00 e pagou R$ 7.995,00 em espécie, R$ 55.987,00 por meio de depósitos em espécie em conta corrente, R$ 9.925,00 por meio de boleto bancário pago em espécie e o restante em cheques.
Falta de cédulas
Segundo as investigações, o esquema operava preferencialmente com cédulas de dinheiro, para evitar o rastreamento da propina. Em outubro de 2008, por exemplo, Carlos Miranda, operador de Cabral e alvo de mandado de prisão preventiva da Operação Calicute nesta quinta-feira (17), chegou a ir a São Paulo com Alberto Quintaes, diretor responsável pelo pagamento da propina da Construtora Andrade Gutierrez, apenas para sacar dinheiro em espécie. Isso porque as agências bancárias do Rio não tinham estoque suficiente de cédulas naquela momento.
A Operação Calicute estima que o esquema movimentou pelo menos R$ 224 milhões para o grupo liderado por Cabral.
O caso do anel
A mulher de Cabral, Adriana Ancelmo já havia se envolvido recentemente em outra polêmica. Em depoimento, o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, contou ainda que deu de presente para Adriana um anel de R$ 800 mil em julho de 2009, durante uma viagem a Mônaco. De ouro branco e brilhantes, o anel foi pago no cartão de crédito do empresário.
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