Brasília - Os três concorrentes que disputam a venda de 36 caças ao Brasil encaminharam oficialmente ontem ao Comando da Aeronáutica as propostas finais que serão analisadas pela Força Aérea Brasileira para a escolha da empresa vencedora.Em nota oficial, a Aeronáutica afirma que não tem prazo para escolher entre as propostas dos Estados Unidos, Suécia ou França, mas promete uma análise isenta dos concorrentes depois de o governo brasileiro ter sinalizado preferência pela proposta francesa. O prazo para a melhoria das propostas da Boeing (EUA), Dassault (França) e Saab (Suécia) terminava ontem.
"O relatório de análise técnica permanece pautado na valorização dos aspectos comerciais, técnicos, operacionais, logísticos, industriais, compensação comercial (offset) e transferência de tecnologia", diz a nota.
Depois da análise da Aeronáutica, as propostas serão encaminhadas para o Ministério da Defesa e, depois, para o Palácio do Planalto. "A partir do recebimento desse material, que se somará ao já existente, a GPF-X2 e sua equipe, composta por mais de 60 especialistas em diversas áreas, procederá à elaboração do relatório final de análise técnica das aeronaves concorrentes, bem como a sua apresentação aos oficiais generais integrantes do alto Comando da Aeronáutica", diz a nota.
Concorrem o F-18 Super Hornet da norte-americana Boeing; o Rafale, da francesa Dassault; e o Gripen NG, da sueca Saab. A decisão final cabe ao Conselho de Defesa Nacional e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A diferença é que, enquanto o F-18 trabalha com sistemas norte-americanos, e o Rafale, com franceses, o Gripen NG é ainda um projeto, com cerca de 50% de componentes de diferentes fornecedores e países. O motor, por exemplo, é dos EUA.
Quinta-feira, as fabricantes das aeronaves fizeram lobby das empresas no governo, no Congresso e na mídia. Enquanto a Boeing (EUA) distribuiu um texto insistindo na transferência de tecnologia com o F-18 Super Hornet, enviados dos governos e das empresas da França e da Suécia tinham reuniões em separado com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e participavam de debates no Congresso.
O presidente mundial da empresa sueca Saab, Åke Svensson, admitiu ontem a possibilidade de o governo da Suécia comprar aviões brasileiros Super Tucano e KC-390 caso o país seja escolhido na concorrência para a compra de 36 aviões-caças pelo governo brasileiro.
No lobby para convencer o governo brasileiro a adquirir os caças Gripen NG da Suécia, a Saab promete a oferta de compensações para a indústria brasileira, além de transferência de tecnologia das aeronaves.