Aécio diz que não será vice de Serra, mas depois volta atrás
Em um mesmo dia, o governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, apresentou respostas conflitantes para a mesma pergunta a possibilidade de ser o candidato a vice-presidente do PSDB na eleição deste ano. Primeiro, numa entrevista ao portal de internet Terra, divulgada ontem de manhã, o mineiro disse que a possibilidade de ser vice numa chapa ao lado do governador José Serra para o Palácio do Planalto é "zero". Mais tarde, em evento no Rio de Janeito, indagado se a posição era irreversível, disse: "Irreversível é a morte, nada além disso".
De olho em votos, Dilma inicia processo de "mineirização"
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, desembarca hoje em Minas Gerais, juntamente com o presidente Lula, para a primeira de inúmeras visitas já previstas ao estado neste ano. Com o governador Aécio Neves (PSDB) fora da disputa presidencial, os aliados da pré-candidata petista trabalham para que ela conquiste os mineiros e garanta uma boa diferença de votos no segundo maior colégio eleitoral do país.
A reunião de ontem da executiva estadual do PSDB paranaense não foi suficiente para selar um acordo entre os dois pré-candidatos do partido para a disputa ao governo do estado na eleição de outubro. Nem o prefeito Beto Richa nem o senador Alvaro Dias abriram mão de concorrer no pleito. Diante do impasse, ficou agendado um encontro do diretório estadual para o dia 8 de fevereiro data em que será definido, impreterivelmente, o nome do candidato do PSDB que vai disputar a eleição para governador. Richa, porém, largou na frente e só não deve ser o candidato tucano se houver uma imposição do nome de Alvaro pela direção nacional do partido.
Com ampla preferência pelo prefeito, membros da executiva estadual apostam que o senador irá desistir da disputa interna. "A saída dele (Alvaro) é ter um entendimento com o Beto, porque se ele for para a disputa (do voto dos membros do diretório estadual), ele perde", disse um integrante da direção estadual do partido.
O próprio Alvaro reconhece que o PSDB no Paraná está ao lado do prefeito. "Aqui já é conhecida a posição da diretoria. Ela foi composta pelo grupo do prefeito Beto. Que a preferência da diretoria é pela candidatura do Beto é um fato amplamente conhecido, mas o partido é composto por militantes e filiados em todo o estado", afirmou o senador ao sair da reunião.
Para "equilibrar" a disputa com o prefeito de Curitiba pela preferência dentro do partido, Alvaro vem articulando o apoio da cúpula nacional do PSDB. Isso ficou claro quando ele foi questionado ontem, logo após a reunião, sobre os resultados concretos do encontro. "Vamos buscar um entendimento e aguardar a visita do (senador) Sérgio Guerra (presidente nacional do partido) para que ele possa conduzir esses entendimentos", respondeu.
Alvaro aposta que será o escolhido pela direção nacional com base no fato de que, se for ele o candidato do PSDB, o irmão, senador Osmar Dias (PDT), desistiria de disputar o governo e tentaria a reeleição para o Senado. "Sendo o Beto o escolhido, ele vai concorrer com o Osmar numa eleição muito apertada", explica Alvaro.
Além disso, Osmar provavelmente fecharia uma aliança com o PT no caso de Richa ser o candidato. Isso daria um palanque forte para a pré-candidata do PT à Presidência, a ministra Dilma Rousseff. Sem Osmar no páreo, o palanque de Dilma no Paraná ficaria enfraquecido, beneficiando o candidato tucano ao Palácio do Planalto, José Serra.
Discurso da legitimidade
Já Richa deu entrevistas em tom diplomático. "A reunião foi muito boa. Houve espaço para todos os presentes darem sua opinião", disse o prefeito.
Apesar disso, o grupo pró-Richa já adota o discurso da legitimidade que o diretório estadual tem no processo da escolha do candidato. "A decisão do diretório estadual será respeitada pela executiva nacional. A decisão será aqui do Paraná", disse o presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, que não esconde a preferência pela candidatura de Beto Richa.
Em pelo menos uma coisa Richa e Alvaro concordaram e saíram da reunião com um discurso uniforme: respeitar a escolha do partido, permanecer unido seja qual for o candidato escolhido.
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