Com o olhar voltado para 2010, o PSDB não quer votar agora a reforma tributária e isso pode abrir uma nova temporada de conflitos entre oposição e Planalto. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressiona seus aliados para agilizar a aprovação do texto já apresentado pelo relator, deputado Sandro Mabel (PR-GO), os tucanos preferem discutir o assunto dentro do foco da crise financeira que deve causar impacto na receita dos Estados e municípios. Essa posição é defendida pelos governadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), pré-candidatos do PSDB para a sucessão presidencial.
Nas conversas com governadores, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tenta minimizar a preocupação com a implantação das mudanças na legislação tributária. "A reforma tributária, se aprovada no Congresso, vai entrar em vigor apenas em 2011", tem repetido o ministro Mantega. Ou seja, eventuais desacertos terão de ser bancados pelo próximo presidente e os futuros governadores. Entre os partidos de oposição, o PSDB é o único que tem nomes para enfrentar uma eventual disputa com o PT na sucessão presidencial, por isso, esse discurso de Mantega soa como provocação.
Em encontro com a bancada de deputados na quarta-feira (5), o governador Aécio Neves pediu cautela aos tucanos até o desfecho da crise financeira. Ele fez críticas ao governo Lula, mas nesta quinta (6) disse que, em nenhum momento, quis ofender o presidente Lula "Apesar das nossas divergências, o governo tem grandes virtudes que reconhecemos", afirmou à Agência Estado o governador, em conversa por telefone. Enquanto o governador mineiro sustenta, que independentemente de votar, a discussão da reforma deve prosseguir, o tucano José Serra, segundo interlocutores do governador de São Paulo, não quer nem ouvir falar no assunto.
"Não dá nem para conversar com o relatório de Mabel", concordou o governador Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba. Preocupados com a crise de liquidez derivada da instabilidade no mercado financeiro, os governadores não querem perder receita. "Evidentemente que a queda de receita vai causar impacto nos Estados e municípios", concordou o líder do PSDB, deputado José Aníbal (SP), que teve na noite de ontem uma longa conversa com Serra.
No encontro com Aníbal, Serra tratou também da votação da Medida Provisória (MP) 443, que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprar bancos em dificuldades. O governador concorda com a bancada tucana que insiste em aperfeiçoar o texto, contrariando a orientação do Planalto a seus aliados na Câmara.
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