O peso do PSDB na Praça dos Três Poderes, em Brasília, vem incomodando aliados do presidente da República, Michel Temer (PMDB). O estremecimento começou no final do ano passado, com a costura feita pelo Planalto para reeleger Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Câmara dos Deputados, em um cálculo que levou o tucano Antonio Imbassahy para a poderosa Secretaria de Governo. Mas, o ponto máximo do descontentamento de peemedebistas, e também de integrantes do antigo “Centrão”, parece ter sido atingido agora, com a provável nomeação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
O anúncio sobre quem será o novo ministro da pasta ainda não foi feito pelo Palácio do Planalto, mas, nos bastidores, a posse de Velloso é dada como certa. E, embora não seja filiado a partido político nenhum, Velloso seria uma indicação do PSDB, em especial do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla.
Outros nomes foram cotados para a pasta, inclusive o do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), levado ao presidente Temer como uma indicação da bancada do PMDB. Mas, ao “virar vidraça”, Pacheco não resistiu: contra ele, pesaram suas críticas de outrora ao poder de investigação do Ministério Público.
Para tentar evitar desgastes do PMDB, o presidente Temer já tenta dissociar a figura de Velloso do PSDB. Na quarta-feira (15), ele começou a espalhar que fará “uma escolha pessoal”, “sem conotações partidárias”, para comandar a Justiça. E, na sua conta no Twitter, chegou a escrever que marcou “diretamente” um encontro com Velloso. “Conversamos privadamente por mais de uma hora. Meu amigo há mais de 35 anos”, pontuou o presidente Temer.
Mas nem todos os correligionários devem engolir a explicação. Para parte dos aliados, o PSDB não deveria ter tal espaço.
No desenho inicial da Esplanada dos Ministérios, a pasta da Justiça já era comandada pelo PSDB, via Alexandre de Moraes, que agora se desfiliou do partido e está licenciado do Executivo para ser indicado ao STF. No raciocínio de peemedebistas insatisfeitos, o PSDB já “indicou”, portanto, um nome para a mais alta Corte do Judiciário brasileiro, e deveria “deixar” o ministério desocupado para o partido do presidente Temer, o PMDB.
O ex-tucano Alexandre de Moraes, que é estudioso do Direito Constitucional, foi indicado pelo presidente Temer para a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki, em um acidente aéreo, há menos de um mês.
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