Assediada por petistas para que permaneça no PT, a senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou nesta terça-feira que sua decisão não vai se prolongar. Defensora do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, Marina recebeu convite há alguns dias para se filiar ao PV e concorrer à sucessão presidencial de 2010.

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"Ainda estou em reflexão. Resolvi me expor aos argumentos das pessoas para tomar essa decisão de forma muito consciente", disse Marina a jornalistas.

A senadora tem até um ano antes das eleições para definir se troca de partido, prazo que expirará no início de outubro. No entanto, ela sinalizou que não deve levar todo esse tempo para anunciar sua decisão.

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"Não quero prolongar esse processo", assegurou. "Não me coloquei um prazo para dar essa resposta", complementou.

A senadora passou alguns dias fora de Brasília em compromissos em São Paulo, Bahia e no Acre, seu estado de origem, onde conversou com correligionários.

Marina afirmou que o fator balizador de sua decisão é a possibilidade de colocar o tema do desenvolvimento sustentável em um plano estratégico nas discussões sobre o futuro do país. Para ela, o Brasil é o país em desenvolvimento mais preparado para realizar essa transição e enfrentar "o desafio do século".

"Vamos atravessar esse século tendo que resolver a seguinte equação: como desenvolver preservando os recursos naturais... para que as pessoas continuem a ter qualidade de vida", argumentou, acrescentando que o tema não está na agenda de nenhum partido.

O temor do PT é que uma eventual candidatura de Marina à Presidência em 2010 possa enfraquecer a chapa a ser liderada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, líderes do partido têm procurado a senadora.

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"Estou convencido que ela realmente está fazendo uma reflexão profunda", disse José Eduardo Dutra, ex-senador e candidato favorito à presidência do PT, após encontro com Marina no gabinete da senadora.

Segundo Dutra, presidente da BR Distribuidora, Marina lhe disse que sua decisão não está sendo pautada por possíveis candidaturas.

Marina, há 30 anos no PT e no segundo mandato no Senado, deixou o posto de ministra do Meio Ambiente, que ocupou entre 2003 e 2008, após pressões pela liberação de licenças ambientais para obras do governo e disputas em torno do comando de projeto da Amazônia.

"O melhor dos mundos é que ela fique no PT e se candidate ao Senado", afirmou Dutra.

O deputado Ricardo Berzoini, presidente do PT, já conversou com a senadora por telefone e também deve ter um encontro pessoal esta semana.

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As eleições no PT estão marcadas para novembro e há seis candidatos ao comando da legenda. Dutra concorre com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A possível candidatura de Marina já recebe apoios. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) esteve nesta manhã no gabinete da colega para expressar simpatia à ideia. Par ele, a candidatura dela seria uma "revolução" e seu resultado, imprevisível.

"É uma coisa fantástica, mais do que foi o Lula", disse.

Simon lembrou a origem humilde da senadora, que conseguiu se formar na universidade, seguir carreira política e virar ministra.

"Tenho a convicção de que toda aquela ala dos puros que deixou o PT é capaz de se alinhar a ela."

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Marina afirmou não estar com receio de que, se trocar de partido, o PT a acuse de infidelidade partidária e tente tomar seu mandato. "Não será o medo da perda de mandato que me fará desistir de qualquer coisa em que eu acredito."