Depois da convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff ao segundo mandato, a cúpula do PT quer ampliar a influência na campanha da presidente. O partido já decidiu criar um grupo de trabalho, formado por cinco dirigentes, para fazer a "ponte" entre a Executiva Nacional e o comitê de Dilma. Duas correntes internas, consideradas mais radicais, também reivindicam espaço na coordenação da campanha.

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O PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva querem, na prática, imprimir um tom mais à esquerda na disputa. É por isso que polêmicas como a regulação dos meios de comunicação e a reforma política terão papel de destaque, reforçando o discurso do "nós contra eles" que tem sido adotado pela sigla.

Com a popularidade em queda, Dilma aceitou sugestões para incorporar em seu programa de governo assuntos para os quais não dava atenção antes, como a chamada "democratização" da mídia. Um projeto sobre o tema foi preparado pelo então titular da Comunicação Social, Franklin Martins, no governo Lula, mas acabou engavetado por ordem de Dilma. O ex-ministro hoje integra o núcleo da campanha dilmista. Atualmente, o comando responsável pela estratégia da disputa abriga só o PT. A coligação de apoio à presidente, no entanto, deve reunir dez partidos. Todos cobram assento na coordenação da campanha, em especial os dirigentes do PMDB.

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Na quinta-feira, a Executiva petista vai decidir se inclui ou não mais dois secretários do PT no grupo de trabalho que atuará como uma espécie de "comitê operacional". Os indicados de correntes radicais são Bruno Elias (Movimentos Populares), da Articulação de Esquerda, e Maristella Mattos (Mobilização), da Militância Socialista.

Os outros cinco nomes já aprovados, de tendências moderadas, são Geraldo Magela (secretário-geral do PT), Carlos Henrique Árabe (Formação Política), Florisvaldo Souza (Organização), Mônica Valente (Relações Internacionais) e Alberto Cantalice (vice-presidente). O PT também quer que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho - responsável pelo diálogo com movimentos sociais -, integre a coordenação da campanha. Até o fim da Copa, porém, ele fica no Planalto.

Estratégia

Tanto o governo quanto o PT trabalham com a polarização da disputa contra o candidato do PSDB, Aécio Neves. O partido vai insistir na comparação entre as duas siglas e tentar associar o tucano às hostilidades contra o governo Dilma.

"Nós estamos preparados para enfrentar a eleição apresentando o projeto de um novo ciclo de desenvolvimento. Agora, o tom da campanha transparece quando um grupo grande do poder econômico xinga a presidente, destilando ódio e tentando obter ganho eleitoral com isso", disse o presidente do PT, Rui Falcão, coordenador-geral da campanha de Dilma. O ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, reforça a tese da comparação ao destacar o "processo intenso de disputa política entre dois projetos". "Um que vem transformando a realidade da maioria do povo e outro que, quando governou o Brasil, expressou aquilo que o brasileiro menos gosta: desemprego, salário sem aumento e arrocho tributário."

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A candidatura de Eduardo Campos (PSB) tem sido tratada com certo desdém pelo PT. "Acho que a terceira via precisa se expressar. Não se expressou até agora", ironizou Berzoini.

Aécio, por sua vez, rebate as comparações e diz que os petistas estão "desesperados" e não sabem qual estratégia adotar. "Até eles agora resolveram falar em mudanças. É um governo que está nos seus estertores."

Slogan

Sob o mote "Mais Mudanças, Mais Futuro", a convenção do PT que aclamou Dilma candidata à reeleição, no sábado, deu indícios do tom mais agressivo para a campanha. "O discurso do PT vai ser mais ideológico e o tom, mais à esquerda", disse Jorge Coelho, vice-presidente do PT e tesoureiro do comitê de Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo.

Até a cor vermelha, marca petista escondida em outras eleições sob alegação de que lembrava o radicalismo, foi resgatada. "Se você ficar pondo tudo amarelinho na propaganda da Dilma, eu não vou pagar essa convenção", avisou o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ao marqueteiro João Santana. Vaccari disse depois que era uma brincadeira. Pelo sim, pelo não, foi atendido.

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