Num documento base para a reunião de seu Diretório Nacional, que acontece nesta terça-feira (17), o PT faz uma autoavaliação e reconhece falhas tanto na condução de suas alianças políticas como na adoção de políticas principalmente do governo Dilma Rousseff e ainda admite que o financiamento privado de campanha “contaminou” a legenda. O texto diz ainda que velhas oligarquias assumiram o país, com o afastamento de Dilma, e que houve uma conspiração golpista. Esse documento ainda precisa ser referendado pelo Diretório.
“Fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos. Preservada essa condição mesmo após nossa vitória eleitoral de 2002, terminamos envolvidos em práticas dos partidos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”, diz o texto.
Mea culpa na economia
O documento é também um mea-culpa do PT, que reconhece erros na condução da economia. “Ao lado das falhas propriamente políticas, demoramos a perceber o progressivo esgotamento da política econômica vigente entre 2003 e 2010, que havia levado a formidáveis conquistas sociais para o povo brasileiro. Baseada na ampliação do mercado interno a partir da incorporação dos pobres ao orçamento do Estado, com adoção de inúmeros programas voltados à inclusão social, à criação de empregos e à elevação da renda, esse modelo perdeu força com a crise internacional, a convivência com altas taxas de juros que sangravam o Tesouro e a excessiva valorização cambial”, diz o texto petista.
No documento, o PT avalia que não dedicou com a devida atenção e perseverança a costurar uma aliança com os partidos populares e os movimentos sociais. E admite que virou refém de acordos com os chamados partidos tradicionais. “Acabamos reféns de acordos táticos, imperiosos para o manejo do Estado, mas que resultaram num baixo e pouco enraizamento das forças progressistas, ao mesmo tempo em que ampliaram, no arco das alianças, o pode de fogo de setores mais à direita”.
Conspiração golpista e Lava Jato
Sobre o impeachment, o texto diz que a maioria conservadora do Congresso Nacional fabricou um pretexto casuístico para “depor” um governo legitimamente eleito pelo voto popular. “Houve uma conspiração golpista”.
Diz também que, “apesar dos equívocos e dificuldades em dar continuidade ao processo de mudança em 2003, a administração de Dilma era obstáculo a ser removido de forma imediata e a qualquer custo”. O objetivo, diz o texto, é inviabilizar Lula para 2018.
A Operação Lava Jato também é alvo de críticas. “Teve um papel crucial na escalada golpista. Virou instrumento politico para o desgaste de dirigentes e governantes petistas, atuando de forma cada vez mais seletiva.”
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