Vaccari: cerco se fecha contra o tesoureiro do PT| Foto: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo

PT refuta depoimento; Vaccari nega denúncias

O PT refutou as declarações do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Segundo o PT, todas as doações recebidas são legais. Em nota, o partido diz que as declarações "seguem a mesma linha de outras feitas em processos de ‘delação premiada’ e que têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades (...)". O advogado do tesoureiro João Vaccari Neto, Luiz Flávio Borges, comentou em nota o mandado de condução coercitiva contra seu cliente. Segundo Borges, Vaccari "há muito ansiava pela oportunidade de prestar os esclarecimentos que nesta data foram apresentados à Polícia Federal, para de forma cabal, demonstrar as inúmeras impropriedades publicadas pela imprensa nos últimos meses, envolvendo seu nome".

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O Partido dos Trabalhadores (PT) recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina retirada dos 90 maiores contratos da Petrobras, como o da refinaria Abreu e Lima (PE), entre 2003 e 2013, de acordo com o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Em depoimento de delação premiada, Barusco deu detalhes de como funcionaria o esquema de cobrança de propina na Diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque.

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Barusco contou que recebia propina por contratos com a Petrobras desde pelo menos 1998, da empresa holandesa SBM, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Até 2010, Barusco garante que recebeu cerca de US$ 22 milhões da companhia holandesa. Entre 2003 e 2013, o ex-gerente afirmou ter recebido mais US$ 50 milhões, aproximadamente, referentes a outros contratos.

O ex-gerente contou à Polícia Federal como funcionava o esquema de pagamento de propina na Diretoria de Serviços. Segundo os depoimentos, 0,5% do valor ficaria com o PT, representado por João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e outro 0,5% seria dividido entre Renato Duque e o próprio Barusco.

Entre fevereiro de 2013 e fevereiro de 2014, de acordo com Barusco, ele teria recebido US$ 5 milhões em propina. No mesmo período, Duque teria recebido US$ 6 milhões e Vaccari, US$ 4,5 milhões.

Segundo Barusco, Vaccari teria participado de um acerto fechado entre funcionários da Petrobras e estaleiros nacionais e internacionais relativos a 21 contratos para construção de navios com sondas, que movimentaram cerca de US$ 22 bilhões.

"Essa combinação envolveu o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, o declarante [Barusco] e os agentes de cada um dos estaleiros, que deveria ser distribuído o porcentual de 1%, posteriormente para 0,9%", diz o documento.

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Campanha

Parte da propina paga à Diretoria de Serviços foi usada na campanha de 2010, segundo Barusco. Ele afirmou que Duque solicitou ao representante da SBM Júlio Faerman a quantia de US$ 300 mil "a título de reforço de campanha durante as eleições de 2010". Segundo Barusco, o pedido teria partido de Vaccari.

Depoimento

Ontem, Vaccari foi levado a depor na Polícia Federal. A polícia espera obter informações sobre doações ao partido por empresas que mantinham contrato com a Petrobras. Segundo o delegado Igor Romário de Paula, Vaccari foi conduzido para esclarecer o "pedido de doações legais e ilegais" ao PT, feito por ele tanto a pessoas que tinham contratos com a Petrobras quanto as quem não tinham.

A grande dificuldade da polícia, agora, será identificar essas doações ilegais, feitas na maioria das vezes com dinheiro vivo, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.

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