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O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) confirmou nesta quinta-feira, em depoimento na CPI da Mensalão, a realização de uma operação para a captação de recursos com a Portugal Telecom a fim de que PT e PTB pudessem, com a doação, acertar suas contas das campanhas eleitorais do ano passado.

Há dois dias, em depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o deputado petebista acusou o deputado José Dirceu de, como chefe da Casa Civil, ter articulado uma abordagem de emissários do PT e do PTB à multinacional. Jefferson afirmou que Valério tentou convencer a direção do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) a transferir parte das reservas técnicas aplicadas em outros bancos europeus para o banco português Espírito Santo. O montante chegaria a US$600 milhões. Pela versão de Jefferson, por essa transferência o banco português pagaria comissão para ser dividida entre o PT e o PTB.

- O valor não estava definido, mas a conversa era de que era algo em torno de R$ 24 milhões, R$ 12 milhões para cada partido - disse o deputado em depoimento à CPI do Mensalão, em resposta ao deputado José Rocha (PFL-BA).

De acordo com Jefferson a doação acabou não sendo feita aos dois partidos, mas ressaltou desconhecer o motivo:

- Alguma coisa aconteceu que não permitiu que a operação se realizasse.

O petebista disse, ainda, que o tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e Rogério Tolentino, sócio de Valério, estavam "sempre" em Portugal negociando.

- Toda semana pelo menos um deles ia a Portugal - comentou o deputado, acrescentando não ter conhecimento de que Valério tenha sido recebido pelo ex-ministro português António Mexia na qualidade de "consultor do Presidente do Brasil", conforme noticou o jornal lisboeta "Expresso".

Embora tenha negado qualquer envolvimento nas negociações com a Portugal Telecom citadas pelo deputado Roberto Jefferson, o ex-ministro José Dirceu recebeu, de acordo com reportagem do jornal "O Globo", no último dia 11 de janeiro, no Palácio do Planalto, o publicitário Marcos Valério e o banqueiro Ricardo Espírito Santo, do Banco Espírito Santo, um dos principais acionistas da Portugal Telecom. No Conselho de Ética da Câmara, Dirceu omitiu este encontro. O ex-ministro também esteve com o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, em jantar em Lisboa, em junho.

O Palácio do Planalto e a Portugal Telecom negaram a tentativa de acordo em nota.

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