O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou os parlamentares que buscam fazer "benesses" durante as votações em ano eleitoral e lembrou que costuma vetar eventuais exageros. Lula concedeu entrevista nesta quinta-feira (10) para a rádio FM Sergipe, em Aracaju, e fez o comentário após ser perguntado sobre qual era sua análise da emenda aprovada no Senado que muda a divisão dos royalties do petróleo.
"Eu acho que o Congresso Nacional contribuiu muito com meu governo, votou 99% das coisas que queríamos que votasse. Quando há algum exagero eu veto", disse. "No pré-sal, eles votaram a coisa mais importante que era a partilha. Está garantido o novo modelo de exploração do petróleo do Brasil, mas eles carimbaram muito o Fundo Social", afirmou. Lula disse que a divisão das verbas do fundo pode comprometer iniciativas de política social "porque já está carimbado."
"Eu acho que muitas vezes as pessoas pensam que votar facilidades, que votar benesses ajuda eleitoralmente. Não ajuda. Não ajuda por que o povo brasileiro está compreendendo que o momento que o Brasil está vivendo é outro", afirmou.
Aposentados
Lula lembrou que ainda tem que avaliar se concederá o aumento de 7,7% aos aposentados e que tem que tomar a decisão até o dia 15. Sem adiantar a decisão, disse estar disposto a tomar a melhor medida e que não vai "brincar em serviço". "Se eu tiver que dizer não, vou dizer não e vou para televisão explicar. E vou dizer por que foi irresponsável alguém votar uma coisa que comprometendo o próximo governo", disse.
"Não vou deixar esqueleto para quem vier depois de mim", disse. Ele lembrou que já paga anualmente R$ 7 bilhões de "esqueletos" na Previdência herdados de planos econômicos de governos anteriores.
Para mostrar que tem coragem de adotar medidas, até mesmo polêmicas, Lula lembrou que um dos dias que mais marcaram sua vida foi quando precisou negar ao filho caçula uma viagem. "Da mesma forma que eu tenho coragem de dizer para meu filho que não tinha dinheiro, eu tenho coragem de dizer para o povo brasileiro 'eu não vou fazer isso'. Porque se eu fizer isso, parece bom agora, mas depois o prejuízo será em cima do povo pobre."
Emenda aprovada
O Senado Federal aprovou na madrugada desta quinta, por 41 votos a favor e 28 contra, uma emenda que redistribui os recursos da exploração de petróleo no mar, inclusive fora do pré-sal, pelos critérios dos fundos de participação, que privilegia os estados mais pobres. A emenda, protocolada pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), determina que a União compense eventuais perdas de estados produtores, como Rio de Janeiro e Espírito Santo.
O projeto, que trata também da mudança de modelo de exploração do pré-sal de concessão para partilha e a criação do fundo social, terá de passar por votação na Câmara dos Deputados antes de ir para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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