Dos sete suplentes que votarão, na quinta-feira (4), no processo de impeachment de José Roberto Arruda, quatro já ocuparam cargos de confiança na administração do Distrito Federal durante o governo dele. Apesar disto, a expectativa é que a maioria do plenário vote pelo prosseguimento da ação.

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A partir da provável aprovação do processo, Arruda terá 20 dias para apresentar defesa. Um novo relatório será feito pelo deputado Chico Leite (PT) e o processo passará pelo crivo de uma Comissão Especial antes de voltar à pauta do plenário. Pelo menos dois terços dos deputados precisam aprovar o impeachment para ser confirmado.

Ivelise Longhi, suplente do PMDB, é ex-assessora do ex-senador cassado Luiz Estevam, e se aproximou de José Roberto Arruda quando, ainda na campanha, o PMDB, partido dela, se aliou ao governador. Por ele foi nomeada administradora de Brasília. Ela também foi secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação do governo Joaquim Roriz. Também exerceram função de administradores de cidades-satélites os suplentes Olair Francisco, do PTdoB, dono de uma rede de lojas do setor de calçados chamada Agitus Calçados. Ele foi administrador de Águas Claras. Mário Gomes da Nóbrega, delegado aposentado, foi administrador da Cidade Estrutural.

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Mário Gomes da Nóbrega, do PP, causou polêmica ao ser empossado na Câmara dos Deputados porque, na contrapartida da maioria dos colegas, não abriu mão do salário que será pago aos suplentes convocados a votar no processo de impeachment do governador.

Outro suplente, Joe Valle (PSB), exerceu, ainda que por poucos dias, a presidência da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), mas foi obrigado pelo partido a deixar o cargo assim que estourou a crise política em Brasília.

Também é ligado a José Roberto Arruda o suplente Washington Gil Mesquita. Ele foi convocado para votar durante os processos de impeachment do governador afastado, mas pode chegar a assumir vaga efetiva na Câmara, uma vez que o dono da vaga, Júnior Brunelli (PSC) renunciou, e o primeiro-suplente, Geraldo Naves (DEM), está preso por envolvimento na tentativa de suborno de uma das testemunhas do "mensalão do DEM". Filiado ao DEM, ex-partido de Arruda, Washington Mesquita é militante da Igreja Católica e foi assessor especial do governador afastado.

Aliados de Roriz

Completam a lista de suplentes convocados os deputados Roberto Lucena e Wigberto Tartuce. Ambos são ligados ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC). Roberto Lucena também é irmão de Gilberto Luceno, dono da Linknet, uma das empresas acusadas de abastecer o "mensalão do DEM". Apesar da ligação indireta com o escândalo político local, o juiz Vinícius Santos, do Tribunal de Justiça do DF, que determinou a posse dos suplentes, decidiu que Roberto Lucena não deve ser considerado suspeito para julgar o governador, pois não tem envolvimento direto com o caso.

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Wigberto Tartuce é personagem conhecido de Brasília. Conhecido como Vigão, ele é ex-apresentador de um programa sertanejo e costumava receber políticos e artistas na sua enorme mansão, no Lago Sul, para uma pelada semanal. No governo de Brasília, Vigão foi secretário de Trabalho do governo Joaquim Roriz. Antes de completar um ano no cargo, colocou a pasta na lista de inadimplentes da União. Sindicância do ministério do Trabalho apurou desvio de R$ 11,6 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), em 1999.