O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse lamentar a tentativa do PSDB de transformar em disputa política a investigação sobre as denúncias de cartel de trens no governo de São Paulo. Em entrevista à Rádio Estadão na manhã desta quarta-feira, 27, Cardozo qualificou como 'risível' a queixa de lideranças do partido de que parte da documentação sobre o caso tenha sido adulterada.
Na tarde dessa terça-feira, 26, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, acompanhado de outras lideranças da sigla, chegou a pedir a demissão do ministro. O partido questiona o fato de o ministro ter encaminhado as denúncias à Polícia Federal após recebê-las do deputado licenciado Simão Pedro (PT). O parlamentar foi acusado pelos tucanos de ter adulterado o conteúdo de uma carta enviada à Siemens em 2008. O texto continha as denúncias de formação de cartel entre multinacionais e pagamento de propinas para obtenção de contratos com o governo paulista.
"Há outras partes, eu diria, mais substantivas do ponto de vista informativo, que estavam nesse documento. Pode parecer, ao meu ver, algo até risível. Você recebe um amplo material de investigação, alguém, sem saber quem mandou oficialmente, diz que houve adulteração. Se não se sabe quem mandou, como é que pode adulterar? É uma tentativa de fazer uma confusão para a opinião publica, que eu lamento", reagiu o ministro.
A carta, enviada na época ao ombudsman da Siemens sem assinatura é de autoria de um ex-diretor da multinacional. Ela foi escrita em inglês. Uma versão em português foi anexada ao relatório em que o ex-diretor cita o esquema de corrupção e envolve o PSDB. "Vamos ser sinceros. Isso faz parte da investigação. Se é um documento ou outro, se é uma tradução. Isso vai ser investigado" disse Cardozo.
O ministro reagiu mais uma vez às críticas do PSDB de que o PT pretende usar o caso para abafar o mensalão. "Lamento isso. Acho que os nervos de algumas pessoas estão à flor da pele. E quando não se quer que uma investigação siga seu rumo normal, se quer transformar tudo numa disputa política. A Polícia Federal cumprirá seu papel", afirmou.
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