Não é de hoje que as redes sociais viraram palco de uma guerra político-ideológica que divide o país entre esquerda e direita, progressistas e conservadores, estatistas e liberais, mortadelas e coxinhas ou seja lá quais forem os nomes escolhidos. Mas, afinal, quem está mandando na internet brasileira? Pela primeira vez é possível dar uma resposta: o país segue polarizado, mas a direita está na frente. E, dentro desse espectro, os direitistas mais radicais têm tido influência maior.
Essa conclusão pode ser feita a partir de dois levantamentos que indicam semanalmente quem está ganhando a disputa por mentes e corações no Facebook. Divulgadas na internet, as pesquisas do Burgos Media Watch e do Termômetro Ideológico (Tideo, projeto da ePolitic School) medem com diferentes metodologias a influência, na rede social, de veículos de comunicação, blogs, partidos, políticos e influenciadores digitais alinhados à esquerda ou direita.
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A Gazeta do Povo compilou informações dos dois últimos relatórios de cada um dos projetos para verificar qual lado tem tido mais influência. Os dados levam à mesma constatação: ao menos no Facebook, o país está politicamente dividido; mas os direitistas estão se sobressaindo.
Radicais e moderados
O levantamento do Burgos Media Watch mostra que as 100 notícias, análises ou informações mais relevantes da direita foram compartilhadas no Facebook 4,7 milhões de vezes em duas semanas. As da esquerda, 3,8 milhões. E as de centro, pouco menos: 3,6 milhões.
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Dentro da direita, o grupo considerado mais radical se sobressai. Os posts dessa ala foram compartilhados 3,5 milhões de vezes no período, contra 1,2 milhão dos da chamada direita moderada. Na esquerda, existe um equilíbrio maior. E, ao contrário da direita, os moderados são mais influentes: 2,1 milhões de compartilhamentos contra 1,7 milhão de “shares” dos esquerdistas mais radicais.
Azuis e vermelhos
Outro levantamento – o Termômetro Ideológico (Tideo) – também mede, com critérios um pouco diferentes, a influência no Facebook das publicações de esquerda (chamada pelo projeto de “vermelhos”) e de direita (“azuis”). Pelo Tideo, os azuis não só têm mais seguidores, mas também contam com seguidores mais engajados – ou seja, que mais reagem, comentam ou compartilham informações publicadas (conceito descrito pelo Tideo como “envolvimento”).
O Termômetro levantou que os “vermelhos” têm hoje 43 milhões de fãs (39,5% do total), sendo superados pelos “azuis” (com 66 milhões de seguidores, ou 60,5%). Pelo critério do envolvimento dos fãs com as páginas, os direitistas se destacam ainda mais: na soma de duas semanas avaliadas, 30,2 milhões de fãs da direita interagiram com publicações “azuis”. Na esquerda, o número foi de 16,1 milhões engajamentos “vermelhos”. O Tideo não faz distinção, na esquerda e na direita, entre moderados e radicais.
Metodologias
O Burgos Media classifica, de acordo com um histórico de posicionamento político-ideológico, 94 veículos de comunicação, portais, blogs, páginas pessoais de influenciadores digitais e de políticos, além de sites de partidos. Eles foram divididos em cinco categorias: esquerda, esquerda moderada, centro, direita moderada e direita. Todas as semanas, o Burgos Media coleta automaticamente todos os posts compartilhados no Facebook que foram publicados por esses veículos. E então seleciona as 100 postagens de cada espectro político que mais foram compartilhadas no Facebook – uma amostragem para indicar, dentre as publicações mais influentes de cada grupo, quais alcançaram maior número de pessoas.
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Já o Termômetro Ideológico seleciona 150 páginas do Facebook (metade de cada espectro ideológico) que, segundo o Tideo, polarizam o debate político no Brasil – dentre veículos de comunicação, políticos, influenciadores e partidos. A partir daí, o Tideo faz uma série de medições de influência digital, chamada de “envolvimento” (reações, comentários e compartilhamentos de publicações).