O engenheiro químico, suspeito de inventar a fórmula para adulterar o leite em duas cooperativas de Minas Gerais, está preso em Uberaba. Ele foi preso porque apareceu na Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) quando a polícia fazia as apreensões, na segunda-feira (22).

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Ele nega as acusações, mas segundo os delegados responsáveis pela investigação, que começou há três meses, a polícia já sabia que ele era peça fundamental no esquema de adulteração.

"A grande maioria dos interrogados na segunda-feira confirmou expressamente nos interrogatórios que colocavam, sim, soda cáustica no leite há mais de dois anos", disse o delegado da Polícia Federal, Ricardo Ruiz.

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Em Passos, o Ministério Público de MG informou que vai pedir intervenção judicial da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil). Das 19 pessoas presas em Uberaba, seis continuam na penitenciária.

Produção

Enquanto a polícia investiga as adulterações, os produtores estão preocupados com a situação da Coopervale. Na terça-feira (23) não houve coleta de leite nas propriedades.

Há 32 anos a rotina do criador José Gilberto é tirar 130 litros de leite do rebanho no sítio e entregar para a cooperativa. Mas o caminhão que recolhe o produto não apareceu. "Isso nunca aconteceu com a Coopervale. Como é que a gente vai fazer com esse monte de leite? Só se for para jogar ladeira abaixo", disse.

A Coopervale foi interditada durante a operação Ouro Branco. Ministério Público e Polícia Federal investigam há quatro meses fraudes no processamento do leite na cooperativa. Técnicos e diretores da empresa são acusados de adicionar produtos químicos impróprios para o consumo no leite longa vida integral.

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População

Numa comunidade rural, minuto a minuto chega um produtor com galões lotados para abastecer o tanque comunitário. A capacidade é para três mil litros, que devem ser preenchidos em pouco tempo. "Se o caminhão não passar amanhã, ninguém sabe o que vai fazer com o leite – se vai fazer queijo, dar para os cachorros, engordar porco com leite", afirmou o criador Diego Marques.

A direção da Coopervale informou que o recolhimento deve ser normalizado nos próximos dias. Apenas a produção de leite longa vida está suspensa. Em Passos, a cooperativa Casmil já retomou o recebimento do leite.

Análise

Com o objetivo de combater a adulteração de leite, a Polícia Federal (PF) fará uma ação de coleta de amostras em todo o país. De acordo com a assessoria da PF em Brasília, 27 superintendências e 92 delegacias da Polícia Federal ficarão responsáveis pelo recolhimento de leite longa vida nos pontos de venda.

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Os policiais devem mapear as cooperativas que atuam em cada região do Brasil e, a partir disso, verificar para quais empresas elas fornecem leite. As análises serão feitas no produto final, ou seja, no leite industrializado.

As empresas que vendem o produto final não são alvo da investigação, segundo a PF. Quem está sendo investigada são as cooperativas, apontadas como responsáveis pela adulteração.