As rebeliões de detentos em São Paulo, com destruição de vários presídios, causaram um prejuízo de pelo menos R$ 50 milhões aos cofres públicos nos meses de maio e junho. O cálculo é do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp), entidade que representa os 22 mil funcionários do sistema prisional no estado. O diretor da entidade Rosalvo José da Silva, informa que pelas estatísticas da entidade houve depredação, total ou parcial, entre 12 e 15 unidades durante os motins.
Já o diretor do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional (Sifuspesp), Luiz da Silva Filho, diz que o número pode ser até maior. Segundo sua entidade apurou, houve destruição total ou parcial em 30 presídios do estado. Procurada pela reportagem do Globo Online, a secretaria de Administração Penitenciária não se manifestou sobre os números do prejuízo.
Os sindicatos informam que entre as unidades depredadas estão as cadeias de Irapuru, Pacaembu, Presidente Prudente, Mirandópolis, Val Paraíso, Parelheiros, Itapecerica da Serra, Mauá, Suzano, Cadeia 2 de Itirapina, Araraquara, Lavínia, Iaras, Avaré, Penitenciária 2 de Hortolândia, Franco da Rocha, Mogi das Cruzes e Iperó. Entre as cadeias parcialmente destruídas estão a de Marabá, Paraguaçu Paulista, Penitenciária 1 de Presidente Bernardes e Martinópolis. As entidades, entretanto, ainda não têm um levantamento completo da depredação causada pelas rebeliões e estão trabalhando nesses números.
A cada rebelião os presos destroem as celas, quebram os vidros, queimam colchões, livros da biblioteca e, quando têm acesso a área administrativa, ateiam fogo no arquivo. Na semana passada, em Presidente Bernardes, a Penitenciária de Segurança Máxima onde está preso Marcos Camacho, o Marcola, eles retiraram as esquadrias de alumínio das janelas para improvisar estiletes e quebraram até as torneiras. Os vidros das celas do presídio de segurança máxima também foram destruídos.
- Acabaram ficando sem os vidros da janela. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) já determinou a retirada de todas as janelas e a substituição por grades. Se passarem frio, a culpa será deles. A destruição é uma tática para amedrontar todo mundo. Eles matam os agentes policiais e quebram as cadeias - afirmou Silva.
Segundo o secretário do Sindasp, na penitenciária de Presidente Prudente, onde houve uma reforma no final do ano passado, depois de 8 meses, já precisa ser consertada novamente. Ela foi depredada. A obra custou em 2005 R$ 3 milhões. Agora, serão necessários outros R$ 2,5 milhões, de acordo com o diretor do sindicato. Na rebelião de maio passado, os detentos chegaram a destruir um muro de 40 centímetros de espessura, que fica ao redor do pátio de recreação.
Com as cadeias depredadas, o governo está sendo obrigado a transferir os internos para outras unidades prisionais, agravando ainda mais a situação de superlotação no sistema penitenciário do estado. Em alguns casos isso nem é possível. Por falta de vagas, os presos acabam ficando aglomerados nas celas que não foram destruídas. Se a cadeia é totalmente fechada, os agentes também são transferidos para outras penitenciárias, mas não conseguem dar conta do trabalho, por conta da superlotação, diz o Sifuspesp.
- Está difícil manter as rédeas da situação. Em Presidente Prudente, por exemplo, os presos ficaram aglomerados depois das rebeliões em uma cela com mais de 25 pessoas. Eles estão amontoados em 30 celas porque as outras 30 foram destruídas. A cadeia tem capacidade para 360 presos, mas abriga mais de 700 - diz Luiz da Silva Filho, diretor do sindicato.
Só no mês passado, período em que facções criminosas promoveram uma série de atentados em São Paulo, as rebeliões atingiram 78 das 144 unidades prisionais do estado. São Paulo tem 130 mil presos. São mil presos em cada presídio, na média. Algumas unidades, no entanto, abrigam mais de 1.300.
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