Estão sob suspeita os recibos da compra de panetones, principais documentos da defesa do governador José Roberto Arruda para justificar a imagem do vídeo em que aparece recebendo R$ 50 mil, em notas de R$ 100, das mãos de seu ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. O vídeo foi gravado em 2006, quando Arruda ainda era candidato ao governo do DF, e Barbosa seu caixa de campanha. Sem data de emissão, sem timbre e escritos em linguagem que foge aos padrões dos recibos, os documentos apresentam indícios de que foram produzidos às pressas e em data recente, depois que a investigação da Operação Caixa de Pandora havia vazado.
Arruda, por meio do secretário de Ordem Pública, Roberto Giffoni disse no sábado que os R$ 50 mil eram colaborações de empresários para comprar panetones e brinquedos que seriam distribuídos às crianças carentes. No depoimento que deu à polícia, em 22 de outubro, já na condição de réu colaborador, Barbosa disse que o dinheiro entregue a Arruda era um repasse regular, coletado a partir da cobrança de propinas nos contratos públicos, para "despesas pessoais" do governador.
Em um dos recibos apreendidos nas buscas, sexta-feira passada, o governador acusa o recebimento de R$ 20 mil de Barbosa e diz que o dinheiro é "para pequenas lembranças e nossa campanha de Natal". Como se estivesse fazendo uma prestação de contas, o recibo acrescenta uma estranha explicação para o destino do dinheiro: "Como fazemos todos os anos, os panetones e brindes foram entregues nas creches, asilos e associações de idosos." Os recibos estão passando por perícia do Instituto Nacional de Criminalística.
Apontado nas investigações como operador de Arruda junto às empresas que prestam serviços ao governo, o empresário Renato Malcotti será convocado a depor nos próximos dias por saber do destino do dinheiro arrecadado e da montagem da história dos panetones. Malcotti não foi encontrado.
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