O relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou que as provas dos autos mostram terem sido realizadas 46 operações de lavagem de dinheiro por meio de saques no Banco Rural. Estão em julgamento neste item da denúncia quatro ex-dirigentes do Banco Rural, além de seis integrantes do chamado núcleo publicitário, chefiado por Marcos Valério.
"Levando em conta apenas o descrito na denúncia, foram identificadas e comprovadas 46 operações de lavagem de dinheiro disponibilizado no Banco Rural", afirmou o relator.
Ele iniciou seu voto nesse capítulo destacando a origem do dinheiro, já abordada nos itens anteriores. Barbosa destacou o desvio de recursos no Banco do Brasil, principalmente por meio da Visanet, e os empréstimos simulados feitos no Rural em benefício de agências de Valério e do PT.
Para concluir este caminho do dinheiro, o relator tratou também de empréstimos feitos ao BMG, que são analisados em processo independente. Ele afirmou que o advogado das agências de Valério Rogério Tolentino, pegou um empréstimo de R$ 10 milhões nesse banco para lavar recursos para o esquema. Esse montante acabou parando na corretora Bonus Banval, que teria destinado recursos a políticos do BB. O relator destacou ainda operações de crédito do BMG para o PT e a agências de Valério. Na visão de Barbosa, os empréstimos serviram para ocultar a real origem dos recursos, que seria o desvio de dinheiro público, sendo uma etapa prévia da operação de lavagem de dinheiro.
O relator avançou ainda destacando como funcionava o sistema de saques por integrantes do esquema no Rural. Observou que os cheques das agências de Valério eram nominais a elas mesmas, endossados, mas o dinheiro era disponibilizado para terceiros. "Os saques eram feitos, em geral, por meio de cheques da SMP&B, mas os valores eram entregues a outras pessoas. O Rural, portanto, mediante procedimento de ocultação e dissimulação, permitia que outras pessoas sacassem cheques nominais à SMP&B".
Barbosa observa que as comunicações oficiais ao Coaf e ao Banco Central informavam apenas que os recursos tinham sido sacados pelas agências e se destinavam a pagamento de fornecedores. Apenas em documentos informais do Rural haveria a identificação do real sacador. Para descrever o esquema, o relator se valeu de um beneficiário que não foi denunciado, o ex-deputado Josias Gomes (PT-BA). No caso desse parlamentar, ele apresentou a própria carteira de deputado para fazer o saque, mas na comunicação oficial o Rural informou que o dinheiro foi retirado pela SMP&B com o objetivo de pagar fornecedores.
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