Atualizado em 29/03/2006, às 23h33

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Embora o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) tenha poupado o presidente Luiz Inácio Lula e seu filho Fábio no caso da Gamecorp, empresa comprada pela Telemar, os governistas não estão aceitando o relatório final da CPI dos Correios por causa dos indiciamentos de petistas, inclusive por corrupção ativa, dos ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken, por exemplo. As pressões foram intensas, mas Serraglio só aliviou o documento em relação ao Lula, mantendo uma posição mais dura em relação aos ex-ministros e parlamentares. Os tucanos, por sua vez, reagiram ao indiciamento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) por crime eleitoral.

Mesmo considerando frouxo o relatório em relação a Lula e seu filho, a oposição admite negociar para flexibilizar o parecer de Serraglio para garantir a aprovação, já que os governistas são maioria na CPI dos Correios.

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- Do jeito que o relatório está não há a menor hipótese de ser aprovado - disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Mensalão

O relatório confirma a existência do mensalão, detalha o valerioduto, trata os empréstimos como fraudes e cita Visanet, Usiminas e Brasil Telecom como algumas das fontes de recursos do valerioduto, além de pedir o indiciamento dos 19 parlamentares envolvidos por crime eleitoral. O relatório também aponta irregularidades e prejuízos nos Correios e no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e pede o indiciamento de dirigentes de fundos de pensão e corretoras.

O governo não aceita também que o ex-presidente do PT José Genoino seja indiciado por falsidade ideológica, enquanto o tucano Azeredo é punido por crime eleitoral. Segundo os governistas, a situação é a mesma, já que ambos assinaram documento de empréstimo do Banco Rural. Os governistas alegam ainda que Dirceu não pode ser indiciado por corrupção ativa enquanto os 19 paralmentares supostamente corrompidos por ele sejam indiciados apenas por crime eleitoral.

- Era isso que a gente temia. Eles partiram para a radicalização e assim não dá para votar - disse José Eduardo Cardozo (PT-SP), não deixando dúvida de que será difícil aprovar o relatório do jeito como ele está.

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Pressão

O relator-adjunto Eduardo Paes (PSDB-RJ) também foi pressionado pelos tucanos por causa do indiciamento de Azeredo, do vice-governador de Minas, Clésio Andrade, e do ex-coordenador da campanha tucana em Minas Claudio Mourão por crime eleitoral. Paes avisa que se os governistas pegarem pesado, é melhor ir para a votação.

- Se for nesses termos, de que o Zé Dirceu e o Gushiken são inocentinhos, não há negociação.

Cardozo e Maurício Rands (PT-PE), da parte do governo, e Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) e Eduardo Paes, pela oposição, deverão se reunir para ver o que pode ser negociado antes da votação do relatório, prevista para semana que vem. ACM Neto admitiu a dificuldade de aprovar o relatório de Serraglio do jeito como ele está.

- As perspectivas são as piores. As coisas estão mal - disse.

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O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), antecipou que vai apresentar uma emenda ao relatório para deixar claro que Lula foi omisso:

- Aquele que sabia e nega a existência do mensalão é por ele responsável e merece ser citado como alguém que sabia e que se omitiu de tomar as medidas duras que o caso exigiria caso fosse inocente.