Decidido a comandar a resistência à possível renúncia do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ao cargo, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), resolveu esticar a corda e partir para cima da oposição. A estratégia é pôr a tropa de choque do PMDB para se revezar na tribuna do Senado, a partir desta segunda-feira (3), quando acaba o recesso parlamentar, denunciando ininterruptamente erros da oposição, em particular do líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM). No início da semana, o PMDB promete entrar com até quatro representações contra o tucano no Conselho de Ética do Senado.
O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) foi escolhido como porta-voz do clima de beligerância que tomará conta da Casa na volta do recesso. "Na atual conjuntura, não tem ninguém limpo no Senado. A ética que era praticada pelos senadores não é mais aceita pela sociedade. Isso tem de mudar. Agora, o que não pode é encontrarem apenas um boi de piranha para isso, um boi com bigode", afirmou Salgado, um dos integrantes da tropa de choque de Sarney e do líder do PMDB.
Renan adianta que vai se reunir com os líderes partidários para definir os próximos passos. "Licença ou renúncia não estão nas intenções do presidente Sarney. Isso interessa apenas a setores da oposição e a um pequeno segmento da mídia", disse o líder do PMDB.
Renan avalia que será o alvo do bombardeio da oposição se Sarney sair agora. Quer, por isso mesmo, esticar a corda até o limite para encontrar uma solução negociada. Em conversas reservadas, o líder do PMDB tem dito que, se os tucanos não recuarem no ataque a Sarney, "vai sobrar para todo mundo". A bancada do PMDB no Senado tem ordem para radicalizar a ofensiva contra quem quiser posar de "vestal".
Além disso, Sarney está preocupado com a artilharia apontada para sua família. Seu filho, Fernando Sarney, foi indiciado em quatro crimes pela Polícia Federal. O presidente do Senado quer evitar o que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva chama de "show de pirotecnia" nas investigações da PF. A interlocutores mais próximos, Sarney disse temer que, caso renuncie à presidência do Senado, seu filho seja algemado e preso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
- Desembargador é próximo da família Sarney
- Lula está começando a abandonar Sarney, diz Virgílio
- Declarações de Lula liberam senadores do PT de apoio a Sarney, diz Cristovam
- ONG de filho de Sarney é suspeita de desvio de recursos
- PMDB debate plano B e Dornelles pode substituir Sarney
- "Não é problema meu", diz Lula sobre crise do Senado
- Verbas da Eletrobrás foram parar nas contas de empresas da família Sarney
Hugo Motta troca apoio por poder e cargos na corrida pela presidência da Câmara
Eduardo Bolsonaro diz que Trump fará STF ficar “menos confortável para perseguições”
MST reclama de lentidão de Lula por mais assentamentos. E, veja só, ministro dá razão
Inflação e queda do poder de compra custaram eleição dos democratas e também racham o PT