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Depois de ter pedido na semana passada um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reavaliou com aliados próximos a conveniência da conversa e decidiu não ter mais um encontro oficial em público com Lula. Na avaliação de renanzistas, qualquer versão que fosse divulgada desse encontro seria negativa para o peemedebista. Renan teme, por exemplo, que fique no ar a impressão de que Lula o estaria recebendo com constrangimento ou que tivesse insistido para que Renan se licencie da presidência.

Na tarde desta terça-feira, Renan afirmou que não existe nenhum possibilidade de tirar licença para se afastar temporariamente do cargo.

- Essa coisa de férias, licença nunca existiu. Até terça-feira (passada), a decisão era minha; depois de quarta-feira (referia-se ao último dia 12, quando foi absolvido pelo Plenário), a decisão sobre a minha inocência e a minha permanência é do Senado - disse Renan, para quem a minoria deve aceitar a decisão da maioria, como ocorre em "todo parlamento democrático do mundo".

Um encontro reservado com Lula, no entanto, pode acontecer ainda nesta semana. Para interlocutores próximos, Renan chegou a dizer que não há pressa para se encontrar com o presidente.

Aliados de Renan insistem que ele tire férias por um período para pacificar os ânimos do plenário. O Palácio do Planalto já fez chegar ao senador o mesmo recado. A grande preocupação dentro do governo é de que um clima de animosidade no Senado acabe prejudicando a aprovação da prorrogação da CPMF até 2011. No domingo, Renan afirmara que desejava conversar com Lula para que ele fosse o avalista da decisão que tomaria.

Sobre a prorrogação da CPMF, Renan disse que esse é um problema que envolve a todos, governo, partidos, líderes partidários e demais senadores.

- Todo mundo está preocupado porque, se você não aprovar a CPMF, acaba com o Bolsa Família, pois R$ 11 bilhões desses recursos vão para o Bolsa Família - disse Renan, ao reiterar que, como presidente do Senado, tem feito o possível para colaborar com a governabilidade.

Nesta terça-feira, o PSOL anunciou que vai entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a realização de sessões secretas no Congresso. Segundo o líder do partido na Câmara, Chico Alencar (RJ), a decisão foi tomada após o Supremo ter permitido que parlamentares participassem da sessão fechada que absolveu Renan.

- Estamos entrando com a Adin porque essas sessões secretas estão ferindo a Constituição - disse Alencar.

PT defende unificação de representações contra Renan

A bancada do PT no Senado se reuniu nesta terça-feira e discutiu a idéia de trabalhar pela estratégia de unificar todas as três representações contra Renan. A intenção dos petistas é evitar que ocorram três novas sessões secretas para julgar a continuação do mandato do presidente do Senado. O argumento do partido é de que os três processos dizem respeito a Renan, e que por isso devem correr juntos.

- Não podemos vivenciar o que vivenciamos na semana passada e há vários dias. Nossa idéia é que tudo que tramita contra Renan seja feito de uma só vez, mesmo que com relatores separados - disse a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).

Apesar de a reunião da bancada não ter decidido quanto ao mérito da estratégia, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) já foi designado para defender a idéia no plenário do Senado.

Existem três representações contra Renan em tramitação na Casa. Duas delas já estão no Conselho de Ética, sendo a primeira relativa a relações de lobby com a cervejaria Schincariol e a segunda sobre o uso de "laranjas" para ocultar a propriedade de veículos de comunicação. Uma terceira representação deve ser analisada pela Mesa Diretora nesta quinta e trata de um esquema de corrupção em ministérios do PMDB.

Absolvição não foi impunidade

Em viagem pela Espanha, no final de semana, Lula afirmou que a absolvição de Renan pelo plenário não foi impunidade. O presidente também afirmou que aceita conversar com Renan, caso ele o procure.

Nesta segunda-feira, o presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), marcou para quarta a reunião que vai analisar a segunda representação contra Renan , suspeito de beneficiar a cervejaria Schincariol na renegociação de uma dívida de R$ 100 milhões com o INSS. A expectativa é de que a leitura e a votação do relatório aconteçam no mesmo dia.

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