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O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), irá apresentar ao Conselho de Ética, durante seu depoimento - que poderá acontecer até meados de setembro - uma versão cuidadosamente preparada para tentar neutralizar uma das fragilidades de sua defesa: dirá que foi vítima do frigorífico Mafrial, para o qual vendeu R$ 1,9 milhão em gado. Segundo aliados, Renan está levantando documentação para comprovar que vários fazendeiros de Alagoas que estão na mesma situação teriam sido vítimas de recibos fraudados pelo frigorífico. Leia a íntegra da reportagem na edição do Globo Digital desta segunda-feira

Num dos três processos que corre no Conselho de Ética, o senador é acusado de ter tido despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. A jornalista Mônica Veloso, mãe de uma filha de Renan, afirma que Gontijo lhe fazia os pagamentos - ela já entregou documentação afirmando que recebeu R$ 418 mil. Renan tenta provar que tem patrimônio e renda para fazer tais pagamentos e que não usou notas frias para comprovar rendimentos. (Relembre as denúncias contra Renan)

Na semana passada, Renan antecipou a explicação para vários colegas de Parlamento. E tem dito de forma reservada que alguns deles também são pecuaristas e devem entender mais facilmente sua explicação.Líderes governistas querem acelerar processo e evitar sangria maior

Segundo reportagem do jornal "Valor Econômico" publicada nesta segunda-feira, líderes da coalizão governista pretendem acelerar o processo no Senado e liquidar a fatura nos próximos 30 dias, com a absolvição e a manutenção de Renan na presidência da Casa. Na avaliação desses líderes, o que importa agora é retirar o assunto de pauta, evitar mais desgaste e deixar que Renan ajuste suas contas com o Supremo Tribunal Federal.

Renan está de acordo com o movimento esboçado, que além do Senado passa também pelo Palácio do Planalto. O senador por Alagoas foi advertido pelo ex-presidente José Sarney que o tempo joga contra ele. Nos cálculos dos líderes aliados, cada semana significa erosão entre os votos favoráveis a Renan, que hoje já seriam menos que os 52 que ele obteve para se reeleger, ano passado, quando disputou a presidência contra o senador José Agripino Maia (DEM-RN).

Prova disso seria o desempenho do senador Romeu Tuma (DEM-SP), semana passada, em sua passagem por Alagoas. O ex-pefelista não hesitou em dizer que considerava que a situação de Renan se complicara com os depoimentos que ouvira em Maceió. Isso sem ao menos permitir que Renan pudesse responder às acusações feitas por um adversário político, o empresário João Lyra. Até Sarney, que é amigo de Tuma, reclamou, sob o argumento de que este não era o papel do corregedor-geral do Senado.Jornalista diz que Renan era sócio oculto de empresa de comunicação

Tuma também ouviu, na sexta-feira, o jornalista Luiz Carlos Barreto, que confirmou ter administrado uma empresa de comunicação que teria Renan e o usineiro João Lyra como sócios ocultos . Segundo Barreto, o então dono do grupo "O Jornal", Nazário Pimentel, propôs o negócio a Renan e a Lyra. Após dois meses, o senador teria confirmado seu interesse na sociedade. A suspeita de que Renan teria usado "laranjas" para fazer parte do negócio provocou a abertura de uma terceira ação contra Renan no Conselho de Ética. Uma segunda já tinha sido aberta para investigar se o senador favoreceu a empresa Schincariol em Alagoas.

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