Numa nova mudança de tom em suas declarações, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse nesta quarta-feira (16) que há uma “resistência histórica” no Congresso à criação de impostos, como a volta da CPMF. Renan disse não saber a “temperatura exata” da reação do Legislativo ao pacote de medidas anunciadas ao governo. Na terça-feira (15), o presidente do Senado dissera que era precisa deixar “assentar” e “decantar” as propostas dentro do Legislativo.
“Sinceramente, não temos uma temperatura exata. Há uma resistência histórica do Congresso a elevar a carga tributária e a criar impostos. As pessoas - e eu sobretudo tenho recomendado – preferem que se faça corte profundo [nos gastos]. Não temos, do ponto de vista do Congresso, como predizer o que vai acontecer, se a situação melhorou ou agravou [de terça para quarta sobre o pacote], lembrando que nunca é fácil aumentar imposto. É sempre uma tarefa difícil”, disse Renan.
A mudança de ontem ficou evidente. Nos últimos dias, o presidente do Senado tem adotado um discurso mais ameno do que o do colega da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que avisou desde o início que a CPMF dificilmente passaria no Congresso. No dia de ontem, Renan dissera que não poderia predizer a reação do Congresso e que o Legislativo estava de “portas abertas” à qualquer proposta que leve à retomada do crescimento econômico.
“Do ponto de vista do Congresso, temos a obrigação de debater tudo que para aqui vem. E a elevação de carga tributária ela terá que ser uma consequência do corte, do ajuste”, disse Renan.
Renan falou sobre o assunto ao ser perguntado sobre o lançamento de uma frente da oposição contra o aumento de impostos. A reação à recriação da CPMF já tomou conta dos corredores do Senado e da Câmara. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, se reúne hoje com o presidente do Senado.
Os partidos de oposição lançaram nesta manhã a frente contra a criação de mais impostos. “Basta de Imposto! Não à CPMF” é o slogan do movimento, que inclui parlamentares do DEM, PSDB, PPS e SD.