Primo de Renan vira réu em processo por esquema em licitações
A Justiça Federal em Alagoas aceitou uma ação de improbidade administrativa contra o ex-delegado Regional do Trabalho Idelfonso Antônio Tito Uchôa Lopes, primo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) negou nesta terça-feira, durante sessão do Senado, que esteja fazendo ameaças veladas a colegas de oposição que têm defendido seu afastamento da presidência da Casa. O peemedebista disse que "não cometeria a imprudência e a indignidade de constranger absolutamente ninguém". Em uma espécie de apelo, Renan chegou a dizer que quem o conhece sabe que ele defende "soluções negociadas".
- Só fiz amigos no Senado Federal. Declaro de público que tenho total respeito pelo senador Jefferson Péres, a quem reconheço como paradigma a ser seguido no Senado. Igualmente, gostaria de demonstrar meu apreço pelo senador José Agripino. Tensionamentos produzem discussões acaloradas. Por isso, senhor presidente, eu venho aqui de público abraçar o nobre senador - disse Renan, sem, contudo, de fato abraçar o líder do DEM.
O senador ainda tentou desqualificar as acusações que vem sofrendo. Ele afirmou que elas foram originadas por parte de seus adversários políticos em Alagoas.
- Um deles é acusado de vários homicídios e responde a vários processos. É um réu confesso. São interesses mesquinhos, de uma disputa regional, que esta gente quer trazer para o Senado, na tentativa de comprometer a minha imagem - afirmou.
Renan voltou a dizer que há irregularidades a compra da TVA, empresa do Grupo Abril, pela Telefônica. Negou ainda ter sido sócio oculto de uma empresa de comunicação em Alagoas, conforme denúncia da revista "Veja":
- Nunca confundi o público ou privado e nunca tive negócios subterrâneos. Nunca tive rádio e nem sociedade secreta - afirmou.
Na semana passada, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), iniciou uma investigação para apurar a denúncia publicada pela revista "Veja" de que Renan Calheiros e e o usineiro João Lyra seriam sócios ocultos da JR Rádio Difusora de Alagoas. Já existe um processo em andamento no Conselho de Ética contra Renan, acusado de recorrer ao lobista de uma empreiteira para pagar despesas pessoais e a usar notas frias para comprovar rendimentos. Uma segunda representação, para averiguar se o presidente do Senado favoreceu a cerverjaria Schincariol, também já chegou ao colegiado.
Mais cedo, ao chegar ao Senado, Renan classificou de uma "questão de província" as denúncias de que foi sócio oculto de uma empresa de comunicação em Alagoas. O presidente do Senado minimizou o fato de Lyra, seu desafeto político, ter confirmado as denúncias e ter dito que Renan foi "um bom sócio".
Tuma ouvirá João Lyra em Maceió
Tuma viaja na quinta-feira para Maceió (AL), onde ouvirá o usineir, que confirmou que diz ter uma sociedade oculta com o presidente do Senado. Segundo Tuma, Lyra afirmou que não gostaria de ir a Brasília.
- João Lyra não vem ao Senado enquanto Renan for presidente, mas prometeu dizer toda a verdade - contou o corregedor, que conversou com o usineiro por telefone nesta terça.
O senador disse ainda que o usineiro está disposto a contar todos os fatos e mostrar documentos. Em entrevista ao Jornal Nacional, na noite de segunda-feira, porém, Lyra afirmou que não tem documentos para provar a sociedade que diz ter feito com 'laranjas' indicados pelo presidente do Senado.
Perguntado se a falta de documentação pode prejudicar a investigação, Tuma negou.
- Em toda investigação, você tem indícios. A falta de documentos pode não prejudicar o andamento de uma investigação que chegue à verdade. Tendo os indícios, você vai atrás da verdade - afirmou.
Casagrande e Serrano recusam convite para relatar caso Schincariol
Na tarde desta terça-feira, os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), dois dos três relatores do processo no Conselho de Ética que apura se o senador Renan Calheiros teve despesas pagas por um lobista, recusaram o convite do presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), para relatar também o segundo processo contra Renan, o que vai tentar descobrir se o presidente do Senado fez lobby na venda de uma das unidades da cervejaria.
A decisão de Marisa Serrano de não aceitar a relatoria da segunda representação contra Renan foi motivada por conselhos de seu partido, após almoço da bancada no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Para os tucanos, o acúmulo de relatorias só atrasa o processo contra o presidente do Senado. O PSDB tem ainda restrições à nova representação. Os tucanos defenderam que o processo fosse tratado no Conselho de Ética da Câmara, já que implicaria mais o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) do que Renan.
Casagrande vai na mesma linha e diz que entregar à comissão de relatores mais um caso para ser investigado significaria "paralisar" a atual investigação por pelo menos um mês.
- Nós temos muito material para analisar e concluir o relatório do 'caso Renan 1'. Não seria sensato pegar, também, o caso 'Renan 2'", afirmou.
PSOL entrega abaixo-assinado pedindo afastamento de Renan
Integrantes do PSOL entregam abaixo-assinado que pede a saída de Renan Calheiros da presidência do Senado - Agência SenadoCom a presença da ex-senadora Heloisa Helena (AL), presidente do partido, o PSOL realizou na tarde desta terça-feira mais um protesto contra o presidente do Senado. Cerca de 50 pessoas participaram do ato "Fora Renan, basta de corrupção", promovido na rampa do Congresso. Os manifestantes entregaram ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), segundo vice-presidente do Senado, um abaixo-assinado com 61 mil assinaturas pedindo o afastamento de Renan. Mais uma vez o PSOL levou um boneco de um boizinho para fazer uma referência a Renan, que justificou seu patrimônio mencionando ganhos com gado. No gabinete de Renan, Heloisa Helena deixou um cartão vermelho para ser entregue a Renan.