Numa tentativa de negar que esteja adiando a instalação da CPI da Petrobras no Congresso, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saiu hoje em defesa das investigações e da comissão de inquérito.
Renan disse que CPI "ajuda mesmo quando as coisas estão sendo investigadas por canais normais" e negou beneficiar o governo para retardar as investigações. "Ninguém está pensando em ganhar mais tempo ou perder tempo. O presidente tem que manter o equilíbrio", afirmou.
O presidente do Senado convocou para a noite de hoje sessão do Congresso em que vai instalar a CPI mista (com deputados e senadores) da Petrobras, mas vai manter suspenso o início dos trabalhos até semana que vem. Desde que a oposição pediu abertura da CPI, no final de março, Renan é apontado como responsável por retardar as investigações -com sucessivas manobras que beneficiam o Palácio do Planalto.
O governo quer retardar o início das investigações até junho, quando o Congresso reduz o ritmo de trabalhos em razão da Copa do Mundo e só retorna à normalidade em novembro -após as eleições de outubro. O senador vai adotar com a CPI mista a mesma conduta seguida no Senado, onde há um pedido mais antigo de instalação de comissão de inquérito para investigar a estatal.O presidente do Senado pretende rejeitar questionamentos do PT e da oposição para que a CPI investigue assuntos externos à Petrobras e irá pedir que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) se manifeste sobre o tema -que tem reunião somente na semana que vem. O PT ainda promete apresentar outro questionamento contra a instalação da CPI mista, o que pode adiar ainda mais a sua instalação.
Renan sinalizou que deve negar o pedido dos petistas porque considera legítimo ao Congresso instalar CPIs. "Não cabe ao presidente dizer qual a CPI que vai funcionar", afirmou.
A oposição acusa Renan de agir para protelar as investigações, de acordo com os interesses do Planalto. O presidente do Senado diz que apenas cumpre as regras e prazos previstos no Legislativo. Os líderes dos partidos ainda terão até a semana que vem para indicar membros da comissão mista.
A oposição espera o apoio de partidos aliados do governo na Câmara dos Deputados para que a CPI mais ampla comece a funcionar na semana que vem. O PMDB, principal aliado do governo, é favorável à comissão mista. Se o "blocão" aderir, os oposicionistas terão o mínimo de 17 membros para dar início aos trabalhos da comissão de inquérito mista mesmo que o PT decida não indicar os seus membros.
CPI do Senado
O PT insiste na instalação de CPI exclusiva do Senado para investigar a Petrobras, o que abre caminho para que duas comissões de inquérito funcionem em ano eleitoral. O governo acredita que tem maior poder de controle dos trabalhos em uma comissão só do Senado.
DEM e PSDB retiraram as indicações dos senadores que vão participar da CPI do Senado numa tentativa de que apenas a mista seja instalada. O prazo para as indicações dos membros para a comissão do Senado termina hoje. Aliados do Planalto reagiram à manobra e pediram que Renan indique os membros se a oposição não recuar.
Ontem, o governo indicou os integrantes da comissão de inquérito exclusiva do Senado. O PT defende que apenas a CPI do Senado investigue a estatal porque considera que tem maiores chances de controlar o andamento dos trabalhos da comissão.
Principal aliado do Planalto, o PMDB indicou o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para presidir a CPI. Vital é presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e um dos fiéis aliados do governo. O PT escolheu o senador José Pimentel (PT-CE) para ser relator da comissão do Senado.
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