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Em total clima de constrangimento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ouviu, no fim da tarde desta terça-feira, sentado na cadeira de presidente do Senado, repetidos apelos de colegas que pedem seu afastamento do cargo enquanto durar seu processo de cassação. Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Agripino Maia (DEM-RN), entre outros, se revezaram na tribuna. Em reunião no início da noite, o Conselho de Ética traça os próximos passos do processo contra Renan e escolhe o relator para o caso. Renato Casagrande (PSB-ES), cotado para o cargo, defende que a função seja exercida por três senadores, como forma de diminuir a influência de Renan sobre a comissão.

- O PSDB não se deixou pautar por ninguém, mas vem sugerir que vossa excelência se afaste até a conclusão do caso. Não é com agrado ou prazer que sugere esse caminho, mas seu julgamento exige dois pressupostos: amplo direito de defesa e amplíssimo de investigação - pediu Virgílio, olhando para Renan. (Ouça o debate entre Renan e Virgílio)

Um dos poucos a sair em defesa de Renan foi o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO):

- Quem não tem processo transitado em julgado não pode ser considerado condenado - disse, em referência também ao presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), que responde a inquérito no STF.

Após ouvir os colegas defenderem sua saída da presidência do Senado, Renan se pronunciou:

- Sucumbir à sedução do pseudo-clamor é atitude incompatível com a coragem e honradez que deve pauta a conduta dos homens públicos, principalmente quando investidos na presidência do Senado Federal -afirmou.

E completou:

- Sobre o processo contra mim instaurado, já comprovei documentalmente a minha inocência. Não pratiquei qualquer ingerência indevida. Com serenidade e reflexão, entendo que devo permanecer na presidência do Senado, mesmo que com isso contrarie apetites políticos de ocasião. Minha fé no estado de direito me faz aceitar qualquer tipo de manifestação, mesmo quando guardo frontal divergência - defendeu-se Renan.

Os apelos para que Renan - acusado de ter contas pessoais pagas por um lobista - renuncie à presidência da Casa se intensificaram na tarde desta terça-feira. O PSDB resolveu propor a licença de Renan do cargo de presidente do Senado até que o processo contra ele por quebra de decoro chegue ao fim.

Jarbas Vasconcelos garante que Renan vai renunciar à presidência

- Ao utilizar a estrutura da presidência do Senado para se defender, o senador Renan trouxe uma crise pessoal para todo o Legislativo. Resta agora ao senador Renan Calheiros renunciar à presidência do Senado - afirmou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), no plenário.

Tasso Jereissati disse que nenhum processo no Senado terá credibilidade enquanto Renan estiver à frente da presidência. Segundo ele, a permanência do peemedebista no cargo não depende se sua disposição de ficar ou não:

- Independentemente da disposição ou não de sair, Renan tem obrigação de sair. Fomos atingidos no coração da instituição e temos que defendê-la. Mais sérias que a questão do gado, são as manobras que estão colocando a imagem do Senado em xeque - disse Tasso.

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), em entrevista à Rádio do Moreno, diz ter certeza que Renan irá renunciar ao cargo por falta de condições políticas:

O PDT também defende o afastamento de Renan da presidência do Senado, até o fim do processo contra ele. A nota do partido foi lida em plenário pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM) na tarde desta terça. Para os parlamentares do partido, sem essa medida "a investigação cairá no descrédito, com grave dano à imagem do Senado e do próprio Congresso Nacional".

A oposição havia ameaçado ir ao STF se o processo fosse encaminhado para o plenário. Na segunda-feira, os parlamentares já cogitavam adiar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) como forma de não interromper o processo contra Renan.

O líder do PPS na Câmara, deputado Fernando Coruja (SC), afirmou nesta terça-feira que a bancada do partido na Câmara não aceita participar de sessão do Congresso presidida por Renan. Câmara e Senado devem realizar sessão conjunta até o final da próxima semana para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

- Se ele presidir a sessão entraremos em obstrução. Até porque é uma questão de coerência. Já que pedimos o afastamento, não temos como concordar que ele presida uma sessão do Congresso - justifica Coruja.

No entendimento do deputado e da Executiva Nacional do PPS, o presidente do Senado precisa abrir mão do comando do Congresso Nacional até que se concluam as investigações que pesam contra ele e que estão sendo analisadas pelo Conselho de Ética.

- O PPS pede que Renan se afaste e deixe que o Senado investigue com mais liberdade para tomar um posicionamento. O povo, no meu entendimento, quer isso e é preciso respeitar a vontade popular - justificou.

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