Requião encontra Lula antes de reassumir o governo

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Depois de 65 dias afastado do governo estadual, o governador reeleito Roberto Requião (PMDB) reassume hoje seu cargo. A expectativa é que ele assine o livro de posse no fim da tarde, em cerimônia fechada. Antes disso, o governador tem audiência marcada às 9h30, em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também reeleito. Esse será o primeiro encontro dos dois desde o início da campanha eleitoral. O apoio mútuo das candidaturas só ocorreu na reta final do pleito, pela iniciativa de Lula. Durante comício em Curitiba em 21 de outubro, o presidente pediu votos para Requião, que retribuiu o apoio no dia seguinte.

Com o retorno de Requião e do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) ao Palácio Iguaçu, o governador em exercício, Hermas Brandão (PSDB), retorna à presidência da Assembléia Legislativa. Requião e Pessuti se licenciaram do governo em 4 de setembro para se dedicar em tempo integral à campanha. Brandão, apesar de pertencer ao PSDB, partido que apoiou Osmar Dias (PDT) para o governo do estado, permaneceu ao lado de Requião e chegou a ser indicado candidato a vice-governador na chapa do PMDB. Como no ano que vem Brandão estará sem mandato de deputado estadual, deve ser chamado a assumir uma secretaria.

A reforma do secretariado, no entanto, deve ficar para o próximo mandato de Requião. De acordo com o chefe da Casa Civil, Rafael Iatauro, ninguém está garantido em seus cargos. Mas alguns nomes têm a permanência dada como certa, como os irmãos de Requião: Maurício, na secretaria da Educação, e Eduardo, na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). O secretário da Fazenda, Heron Arzua, que ocupou o mesmo cargo durante o primeiro governo Requião (1991–1995), também deve continuar na pasta.

Outros secretários que se licenciaram para disputar as eleições e foram eleitos, como Luiz Cláudio Romanelli (ex-Cohapar), Luiz Eduardo Cheida (ex-secretário do Meio Ambiente), Waldyr Pugliesi (ex-secretário de Transportes) e Edson Strapasson (ex-secretário de Assuntos Metropolitanos) devem ficar fora do governo, pelo menos até a reforma do secretariado.

Indicação

Os aliados mais próximos do governador preferem não dar palpite no secretariado. Conhecem o estilo de Requião e sabem que sugestões podem ser interpretadas como pressão. "Há duas coisas temerárias de fazer com o Requião: indicar e vetar nomes", diz o ex-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana (PMDB). O governador, segundo o deputado, tem de conviver com pessoas que ele tenha confiança e bom relacionamento, mesmo que não pareçam "boas" aos olhos de terceiros.

O deputado Nereu Moura (PMDB) também não se atreve a opinar no secretariado. "Se a gente falar que vai ter mudança, aí é que não vai ter", diz. Nem mesmo o líder do governo, Dobrandino da Silva (PMDB), revela nomes de secretários que deveriam ser substituídos. "Estaria me intrometendo na questão administativa", justifica. A única certeza dos parlamentares é de que o PT e a ala do PSDB que apoiou a reeleição de Requião serão chamados a participar do governo.