Desde o início do processo do impeachment, Requião posicionou-se contrário ao afastamento de Dilma Rousseff.| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O paranaense Roberto Requião (PMDB) foi o quarto senador a fazer seu discurso final sobre o processo de impeachment, pouco depois das 15 horas desta terça-feira (30).

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Contrário ao impeachment da presidente da República Dilma Rousseff e a favor da convocação de um plebiscito sobre a antecipação de novas eleições gerais, Requião começou seu discurso avisando que não pretendia “moderar a linguagem” e reprimir “a indignação que me consome”.

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Acabou recorrendo à fala de Tancredo Neves na sessão que derrubou João Goulart: “Canalha, canalha, canalha. Assim, Tancredo Neves apostrofou Moura Andrade, que declarou vaga a presidência com Jango ainda em território nacional, consumando assim o golpe de 64”.

Requião também voltou a criticar com veemência a política econômica ensaiada por Michel Temer. Ao final, leu trechos da carta-testamento de Getúlio Vargas.

“Duvido que um só de nós esteja convencido que a presidente Dilma praticou crimes. O próprio acusador [relator Antonio Anastasia] praticou. Só que lá em Minas Gerais não havia um providencial Eduardo Cunha, nem um Centrão salivando por pixulecos. As palavras de Tancredo Neves coçam-me a garganta”, atacou Requião.

O senador afirmou ainda que o julgamento em curso, assim como ocorreu com a sessão de 1964, “deve ser anulado daqui alguns anos”. “E pediremos desculpas à filha e aos netos de Dilma”, discursou.

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Mas a maior parte do discurso de dez minutos do senador ficou reservada ao também peemedebista Michel Temer. “Que cada um esteja consciente do que há por vir. Que ninguém alegue ignorância. Porque a intenção do vice, que quer ser titular, é clara. Desvincular o reajuste das aposentadorias ao aumento do salário mínimo para pagar os juros da dívida. Rever direitos e garantias sociais acumulados ao longo dos últimos anos. Eliminar tímidas conquistas na área de igualdade de gênero. Congelar por duas décadas despesas de saúde, educação”, apontou ele.

Para Requião, o “povo brasileiro não retornará submisso à senzala”: “Vocês estão preparados para a guerra civil? O conflito será inevitável”, disse ele.