O professor da PUC-PR e cientista social Cézar Bueno avalia que a fragilidade dos partidos brasileiros contém parte da justificativa pelas respostas e posicionamentos contraditórios dos deputados. As legendas não são suficientemente consistentes para submeter os candidatos eleitos aos seus programas ideológicos. "As maiores forças político-ideológicas da Assembléia Legislativa se intitulam de centro-esquerda e socialista. No entanto, a social democracia, enquanto força política parlamentar, sempre requereu a existência de um partido forte e de estreita colaboração com os sindicatos", explica.

CARREGANDO :)

Para Bueno, os liberais não são liberais e os democratas e os socialistas não agem como suas ideologias os orientam a agir. "Sobressai uma espécie de arte coronelista que governa por meio dos líderes de bancada, tão ao gosto dos déspotas esclarecidos e sedentos de poder", define.

O sociólogo e professor Marco Rossi, da faculdade Metropolitana de Londrina, destaca o fato de ninguém se assumir conservador. "Sabemos que é uma das casas mais conservadoras do Brasil. Mas conservador é visto hoje, no imaginário coletivo, como o chato, moralmente quadrado, que não parece moderno", explica. Para Rossi, os deputados não conseguem se definir do ponto de vista ideológico porque não levam em consideração a ideologia.

Publicidade

Ele critica a opção majoritária pela posição de centro, porque revelaria a irrelevância do mundo político na opinião dos parlamentares. A posição centrista seria uma marca da prioridade de defesa dos interesses econômicos. "Fica à disposição dos sabores do governo. Se a extrema-esquerda assume, o centro acompanha. Se é a direita, o centro vai junto também", resume. Dessa forma, o sociólogo avalia que o político afirma: "Não sou parlamentar com idéias e projetos, estou a disposição dos jogos de poder".

Para Rossi, saber qual é a posição ideológico dos políticos é importante para a sociedade, mas o que acontece é que são os interesses de cada grupo que norteiam votações e não uma base sólida de conceitos e valores. "Hoje tanto faz estar num partido, importa o que cada um pensa individualmente", lamenta.