O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um dos aliados mais fiéis do governo Dilma, desta vez saiu em defesa do próprio partido. E disse ontem que nenhuma retaliação do governo contra parlamentares peemedebistas "será bem recebida pelo partido". Ele se referia à ameaça do ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, de que os ministros peemedebistas seriam todos demitidos se insistissem em contrariar o Planalto na votação do Código Florestal.
Sarney, porém, tentou contemporizar a situação. E disse que não tomou conhecimento da conversa em que Palocci teria feito a ameaça ao vice-presidente Michel Temer, presidente licenciado do PMDB. "Nem conversei com o presidente Temer, não tenho conhecimento desse fato e não acredito em retaliação contra o PMDB em decorrência da posição dos senhores deputados [na votação do Código]", afirmou. "Seria uma providência que jamais seria bem recebida pelo partido. Não acredito em nenhuma retaliação do governo pela posição que o PMDB possa ter."
Sobre a decisão do Ministério Público Federal do Distrito Federal de instaurar procedimento investigatório civil para apurar suposto enriquecimento de Palocci (leia mais na reportagem da página anterior), Sarney disse que os procuradores estão exercendo sua competência.
O presidente do Senado disse ainda desconhecer as pressões do Planalto para inviabilizar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar as atividades de consultoria privada de Antonio Palocci. Também afirmou que não tomou conhecimento da iniciativa do senador Clésio Andrade (PR-MG) de retirar a assinatura do requerimento de criação da CPI. "Não sei das pressões que estão sendo feitas ou não", reiterou.
Sarney desconversou ainda quando questionado sobre a conveniência de Palocci comparecer ao Congresso para se explicar. "Essa é uma decisão do ministro Palocci. Não posso opinar sobre ela", disse.