O líder do PR na Câmara, deputado Lincoln Portela (MG), reconheceu nesta quinta-feira (27) o "desconforto" da cúpula partidária com a candidatura do colega Sandro Mabel (GO) à Presidência da Casa. Para Portela, a possibilidade de a Executiva Nacional do PR abrir processo de expulsão contra Mabel, caso ele não desista da disputa, "é bem real".

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"Há um desconforto entre as lideranças do partido, provocado por esta situação do Mabel candidato a presidente. Alguns colegas têm dito que não entendem o porquê de o Sandro [Mabel] estar fazendo isso", afirma Portela.

Em uma reunião sigilosa nesta quarta-feira (26), o Diretório Nacional do PR decidiu autorizar a Executiva Nacional a discutir o futuro de Mabel.

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Os integrantes da Executiva devem fechar questão contra a candidatura avulsa de Mabel e ratificar apoio ao candidato do PT, deputado Marco Maia (RS).

Se isso acontecer, Mabel será intimado a retirar seu nome da disputa. Caso desrespeite essa determinação, Mabel deve responder a processo e pode até ser expulso da sigla.

"O Diretório delegou poderes à Executiva para deliberar sobre três assuntos: a escolha da liderança da bancada, o cargo que o partido ocupará na mesa diretora e a questão em torno da Presidência da Casa", relata Portela.

Decisão

A reunião da Executiva do PR deve ocorrer entre esta sexta-feira (28) e o sábado (29). Questionado se o partido não estaria radicalizando ao ameaçar Mabel de expulsão, o líder Lincoln Portela reconhece que a chance de veto à candidatura de Mabel é real, mas afirma que o PR ainda não adotou metidas extremas.

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"O partido ainda não radicalizou. A Executiva ainda vai se reunir para discutir a situação, mas a possibilidade é bem real de a Executiva fechar questão [contra a candidatura de Mabel]."Desde que anunciou a decisão de concorrer ao comando da Câmara, Mabel desencadeou nos bastidores do partido uma onda de reuniões de colegas descontentes com a sua candidatura.

A possibilidade de expulsão ganhou corpo após o Diretório Nacional delegar poderes à Executiva para decidir a questão. Nos bastidores do PR, colegas de Mabel avaliam que o deputado goiano deve ter "alguma carta na manga muito poderosa" para motivá-lo a bater de frente com o partido.

O regimento interno da Câmara garante a Mabel o direito de disputar a presidência da Casa mesmo sem o apoio de seu partido. O problema é que o PR também prevê no seu estatuto a possibilidade de processar seus filiados por desrespeito a determinações partidárias.

Se for expulso, Mabel acumulará o prejuízo político de ter abdicado do cargo de líder do PR, que poderia ocupar até o final de 2012, e ainda será destituído do posto de presidente do Diretório Estadual do PR de Goiás.

Ciente do risco, Mabel permanece determinado a concorrer e segue a maratona diária de ligações telefônicas e visitas aos gabinetes dos colegas. Ele deve passar todo o fim de semana em campanha.

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Na manhã desta quarta, em entrevista aos jornalistas o deputado goiano evitou afirmar que iria até o fim em sua candidatura, mas afirmou que considerava "difícil" o partido recomendar sua expulsão: "Você acha que um partido pode ameaçar um ex-líder por pressão? É legítimo uma casa aceitar um negócio desse? É difícil!".

Para expulsar Mabel, o PR terá de esperar o deputado goiano solicitar o registro de sua candidatura na Secretaria Geral da Mesa. Mabel tem até as 17h do dia 1º de fevereiro para oficializar a sua candidatura.