O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, reconheceu na segunda-feira que a crise no setor é fruto do loteamento político da pasta. Ao se eximir de envolvimento nas denúncias de corrupção, o peemedebista admitiu que o fato de as diretorias da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) serem ocupadas por apadrinhados políticos de diferentes partidos é um foco de tensão.
"Há sempre uma concorrência natural por espaço. A Conab tem diretores de vários partidos e isso tem gerado problemas. Hoje, sinto que há uma certa dificuldade de entendimento entre os diretores", argumentou Rossi. As diretorias da Conab são hoje ocupadas por indicados políticos do PMDB, do PTB e do PT. Ao rebater as denúncias de corrupção, Rossi reconheceu: "Talvez tivéssemos faltado com a atenção em algumas coisas". "Eu não consigo cuidar de tudo", justificou.
Segundo o ministro, as disputas entre grupos rivais dentro da Agricultura e da Conab, somadas à "mentalidade corporativista de algumas pessoas", podem ter desencadeado as denúncias contra a pasta. "Quem conhece a administração pública sabe que, às vezes, você muda a equipe, e a equipe anterior e a atual se hostilizam por baixo do pano."
A crise na Agricultura ficou mais grave depois que a revista Veja revelou que o lobista Júlio Fróes teria uma gravação em que Milton Ortolan, então secretário executivo do ministério, exigia propina de 10% sobre contrato firmado com a pasta. Ontem, Rossi afirmou não conhecer Fróes. Na semana passada, a Agricultura já tinha sido alvo de denúncias feitas por Oscar Jucá Neto, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que disse existir um esquema de desvio de recursos na Conab e no ministério. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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