O deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) tem sido uma das vozes mais estridentes da defesa do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para ele, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do processo do impeachment “não muda nada”. Bueno continua afirmando que não há provas de corrupção contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), embora o Ministério Público da Suíça tenha informado à Procuradoria-Geral da República os números e a movimentação milionária de contas em nome dele e da esposa. A Gazeta do Povo conversou com Bueno sobre as perspectivas de afastamento da presidente Dilma.
Como o senhor avalia a decisão do STF em relação ao processo de impeachment?
Não muda nada. A decisão se refere apenas à questão de ordem sobre o rito do processo respondida pelo presidente Eduardo Cunha na semana passada. Não altera nada além daquele rito que foi esclarecido pela questão de ordem. [O roteiro traçado pela Oposição começava com a recusa do pedido de impeachment por Eduardo Cunha, seguido de um recurso ao plenário contra essa decisão, bastando os votos de metade mais um dos parlamentares presentes para abrir o processo e afastar Dilma. O STF determinou que a decisão de abrir ou não o processo cabe a Cunha, não ao plenário].
Qual o próximo passo da oposição nesse movimento para afastar a presidente Dilma?
Vamos aditar ainda hoje [terça, 13] o pedido de impeachment incluindo a questão das pedaladas fiscais de 2015. O presidente Eduardo Cunha terá um novo prazo para analisar esse pedido de aditamento e depois decidir se abre ou não o processo de impeachment.
Há quem considere que esse aditamento não é possível e que teriam que ser mantidas as razões listadas no pedido original...
É claro que é possível, tanto que está prevista abertura de prazo para analisar o pedido de aditamento. [Juristas consideram que a presidente não poderia ser afastada por irregularidades cometidas no mandato anterior, então a Oposição quer alterar o pedido de impeachment feito pelo advogado Hélio Bicudo para incluir acusações de pedaladas também neste ano].
Ter alguém acusado de corrupção, como Eduardo Cunha, liderando o processo para afastar um presidente eleito democraticamente não prejudica a credibilidade do movimento?
Não tem prova contra ele [Eduardo Cunha].
Mas o Ministério Público da Suíça informou à Procuradoria-Geral da República os números das contas em nome dele e da esposa, com movimentações de cartões de crédito, inclusive.
Até agora não tivemos acesso a isso.
O senhor é a favor ou contra o afastamento de Cunha da presidência da Câmara?
Sou a favor do afastamento para que possa cuidar da defesa dele, mas não podemos tomar posição enquanto não tivermos provas.
Não atrapalha o processo de afastamento ter alguém na liderança manchado por denúncias de corrupção?
Não há denúncia contra ele feita pelo Supremo Tribunal Federal. Quando ele for réu, tomaremos posição, de partido e de bancada.
A saída de Cunha da presidência da Câmara atrapalharia o projeto de afastar Dilma?
Em dez sessões resolveríamos isso, com um novo presidente, sem problema de solução de continuidade.
O senhor defende o impeachment da presidente Dilma mesmo antes de o Congresso julgar as contas do governo. Não há um certo açodamento numa questão tão crucial?
Como açodamento? O Tribunal de Contas da União rejeitou as contas por unanimidade. O governo usou dinheiro de instituições financeiras [Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal] para pagar contas que não poderia. Isso é crime de responsabilidade.
O senhor não está usando pesos e medidas diferentes para Cunha e Dilma?
Ele não é réu. A Dilma fez as pedaladas e perdeu as condições de governar.
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