O presidente nacional do PT afirmou nesta sexta-feira que a permanência do tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto, no cargo não constrange o partido. Alas petistas têm pressionado Vaccari para que se licencie da secretaria de finanças, mas o dirigente já avisou que não tem intenção de se licenciar, se afastar ou se demitir da função.
“Ele está há um ano sendo investigado, já quebraram o sigilo fiscal, bancário e financeiro dele. Nada se apurou; não há provas, a não ser delação de bandidos. Ele vai à CPI esclarecer, está à disposição da Justiça, já depôs na Polícia Federal e vai agora fazer sua defesa diante da aceitação da denúncia, como outros réus”, disse Falcão.
A declaração foi feita em entrevista à Rádio Gaúcha, do Rio Grande do Sul. Há duas semanas, o PT do estado enviou à comissão executiva do PT um documento pedindo o afastamento de Vaccari para que possa se dedicar a sua defesa, já que é réu no processo que investiga esquema de distribuição de propinas por empresas contratadas pela Petrobras. A posição foi encampada esta semana também pela tendência interna Mensagem ao Partido, segunda maior força dentro do PT e que tem como um dos fundadores o ex-governador Tarso Genro.
Questionado se a permanência de Vaccari no cargo constrangeria o partido, uma vez que ele responde a processo por supostos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha, Falcão respondeu:
“Réu não é culpado. Réu é denunciado. Ele fará sua defesa e tenho certeza de que não há nenhum fato. Ele não pegou dinheiro. Todas as nossas doações são legais, declaradas à Justiça, que tem aprovado nossas contas. Nós não recebemos propina, nós não fazemos caixa dois. E não se pode também acusar o PT de receber propina e os outros partidos de receberem doações. Todas as empresas que doaram para nós doaram para o PSDB, para o PMDB, para o PSB, para o PSD. Não vejo nenhuma razão para uma seletividade na hora da apuração”
Falcão disse que “não se trata de colocar a mão no fogo” por Vaccari e lembrou a determinação do partido de expulsar quem tenha cometido comprovada corrupção. Para ele, os investigadores da Operação Lava-Jato não demonstraram ilegalidade nas doações atribuídas ao PT pelas empresas envolvidas no escândalo:
“Por que uma empresa doa para a gente e é propina e doa para os outros e é doação? Não há nenhuma revelação até agora, há delações, que precisam ser comprovadas”, disse o petista, afirmando que, comprovadamente, “houve as pessoas que se apropriam de recursos, pegaram propina”, mas sem confirmação da ligação com as doações partidárias.
O presidente petista criticou o andamento das investigações, dizendo que há “uma campanha na apuração e na mídia tentando direcionar para o PT”.
“Não há nenhum filiado do PT dirigindo a Petrobras: nem o Pedro Barusco (ex-gerente de Serviços), nem o Paulo Roberto Costa (ex-diretor). Não nenhum funcionário ligado ao PT que tenha participado disso. Queremos que prossigam as investigações. Mas há uma tentativa de, pelas denúncias, enfraquecer a Petrobras, fragilizar a empresa”.
Rui Falcão atribuiu a uma “situação passageira no país de dificuldades econômicas” e de “notícias ruins”, como aumento de tarifas e do preço do combustível, além da falta de água em São Paulo, como fatores que influenciaram nas manifestações de 15 de março, que pediram a saída da presidente Dilma Rousseff do governo.
Ele disse que as Medidas Provisórias (MPs) do ajuste econômico encaminhadas por Dilma ao Congresso “não sairão como chegaram”.
“Sou a favor de que haja negociação e que se coloque na mesa um debate sobre o fator previdenciário”, disse Falcão, afirmando que poderá haver um “diálogo em relação ao seguro desemprego, ao abono salarial e as pensões”.
Questionado se o escândalo da Petrobras não atingia a presidente, Falcão afirmou que Dilma não está sendo processada nem foi citada nas denúncias.
“Não vejo nenhuma manifestação da população querendo incriminar a presidente Dilma”, disse Falcão, afirmando que “com certeza”, a presidente não sabia do atos de corrupção envolvendo as contratações da Petrobras.
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