Para se defenderem no Conselho de Ética das acusações da CPI dos Sanguessugas, os deputados citados no esquema das ambulâncias bateram nas portas dos advogados contratados pelos envolvidos no escândalo do mensalão. Quatro advogados que atuaram na defesa dos mensaleiros, e que já conhecem os caminhos para tentar evitar, ou ao menos protelar, as cassações de mandato, estão de volta ao cenário da Câmara. Agora, em defesa dos envolvidos com o esquema chefiado pela família Vedoin.

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Contratado pelo Partido Liberal (PL), no ano passado, para defender o ex-líder da legenda Sandro Mabel e Wanderval Santos (PL-SP), envolvidos no mensalão, o advogado Marcelo Bessa estendeu sua clientela. Ele vai prestar seus serviços, agora, para dezesseis deputados, de quatro partidos diferentes, que passam a responder a processo por quebra de decoro no Conselho. Bessa, como os outros advogados, disse que o principal ganho do julgamento dos mensaleiros é que, após vários recursos no Supremo Tribunal Federal (STF), em vários casos, está garantido o amplo direito de defesa aos acusados.

- Não se trata mais de apenas um julgamento político, como se falava o tempo inteiro. Ritos, principalmente de defesa, agora são respeitados - disse Marcelo Bessa.

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Advogado de Roberto Jefferson (PTB-RJ) no processo que culminou com a cassação do mandato do responsável pelas denúncias do mensalão, Luiz Francisco Corrêa Barbosa assumiu alguns casos dos envolvidos com a máfia dos sanguessugas. Em defesa dos novos clientes, já até entrou com pedido de mandado de segurança no STF para que a CPI desse mais prazo de defesa. O Supremo negou. Barbosa afirmou que, no Conselho de Ética, os deputados seguem uma decisão já pré-estabelecida.

- Houve muito cerceamento de defesa. Por isso o Supremo teve muito trabalho. Espero que tenham aprendido. Ficava estupefato com o que ocorria lá - disse Luiz Francisco Barbosa.

Itapuã Messias, que advogou para parlamentares do PTB e também atuou na defesa de Roberto Jefferson, foi contratado por vários parlamentares citados pela CPI dos Sanguessugas, entre eles Alceste Almeida (PTB-RR) e Neuton Lima (PTB-SP). Ficou conhecido e chegou até a se lançar candidato a deputado federal, pelo PTB, no Distrito Federal. Mas, depois de registrada sua candidatura, desistiu de disputar, segundo ele, por falta de dinheiro para fazer campanha. Para ele, a principal conquista durante a votação do processo dos mensaleiros no conselho foi ter garantido a palavra para o deputado durante a defesa.

- Foi uma briga para termos direito a voz no julgamento. A CPI (dos Sanguessugas) não garantiu esse direito. A única coisa que fizeram foi juntar uma série de papéis e denunciaram os deputados sem direito a defesa - disse Itapuã Messias.

Advogado dos mensaleiros do PP Pedro Corrêa (PE), José Janene (PR) e Vadão Gomes (SP), Marcelo Leal também está defendendo os deputados do partido representados no Conselho de Ética. Mas ele preferiu não comentar e disse ser uma praxe sua não conceder entrevistas.

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Responsável pela dor de cabeça que o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu (PT-SP) deu ao Conselho, o advogado José Luiz Oliveira, que obteve importantes vitórias no STF em defesa de seu cliente, disse que foi procurado por alguns parlamentares citados pela CPI dos sanguessugas, mas preferiu não aceitar os casos. Ele afirmou que preferiu dar atenção a seus casos em São Paulo. Elogiado até mesmo pelos outros advogados de mensaleiros, José Luiz disse que recorreu várias vezes ao Supremo por conta do "açodamento" na Câmara. O processo de Dirceu levou três meses e 26 dias para ser julgado.

- O grande legado que ficou é que o direito de defesa tem que ser garantido e que não se pode mudar as regras no meio do jogo - disse José Luiz.