O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), passa a última semana do recesso cuidando da mulher, dona Marly Sarney, que se recupera de uma cirurgia em São Paulo, na expectativa de que a crise arrefeça. Mas, a amigos e aliados políticos, deixou o recado que vem sendo repetido pelos peemedebistas: não renuncia de jeito nenhum e faz isso porque sua permanência no comando do Senado ajuda mais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à governabilidade do que a ele próprio, mostra reportagem do jornal O Globo.
Essa mensagem vem acompanhada da ameaça do PMDB de que, na pior das hipóteses, Sarney se licenciaria para acompanhar a recuperação da mulher, deixando o tucano Marconi Perillo (GO), 1º vice-presidente, na presidência da Casa.
Colaboradores de Sarney lembram que o Senado tem uma "pauta-bomba" contra o governo, e basta um dia no comando da Casa para o PSDB pôr projetos em votação, como a extensão do reajuste dado ao salário mínimo em 2006 a todos os aposentados, que está na pauta do Congresso (sessão conjunta da Câmara e do Senado). Por isso, dizem os sarneyzistas, o presidente Lula não tinha outra saída senão manter a defesa de Sarney, como fez nesta segunda-feira (27) por intermédio do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.
Para amigos que estiveram com ele no hospital, Sarney repetiu que não está em seus planos a palavra renúncia. Tentando passar tranquilidade, o presidente do Senado disse que não praticou crime em relação à contratação de parentes, pois não havia essa proibição, que só ocorreu no ano passado, depois que o Supremo Tribunal Federal reafirmou o fim do nepotismo. Disse mais: que a contratação de parentes era uma prática generalizada na Casa, feita por quase todos os senadores. "Se houve crime para mim, houve para todo mundo", disse, segundo relatos.