Quatro horas depois de o senador José Sarney (PMDB-AP) dizer, na segunda-feira (17), no plenário do Senado, que o jornal O Estado de S. Paulo havia publicado uma reportagem "irresponsável" e "sem provas" em sua edição de domingo, a empresa Holdenn Construções Assessoria e Consultoria Ltda. admitiu em nota a relação de favores com a família. A reportagem mostrou que a Holdenn negociou e pagou dois apartamentos usados pelo clã Sarney em São Paulo. Na nota, assinada pelo empresário e amigo da família Rogério Frota de Araújo, a empreiteira admite que comprou o apartamento nº 22 do edifício Solar de Vila América, na Alameda Franca, 1.581, nos Jardins.
A empresa afirma que depois da compra, o imóvel "foi vendido ao senhor José Sarney Filho, mediante instrumento Particular de Promessa de Compra e Venda e outras Avenças". O apartamento 22 foi comprado pela empreiteira depois de um contato inicial de José Adriano, neto de Sarney, com o proprietário do imóvel, o economista Felipe Jacques Gauer. O imóvel foi adquirido em fevereiro de 2006, quando a empresa ainda se chamava Aracati. "Ele (José Adriano) me fez algumas perguntas e disse que uma pessoa dessa empresa, a Aracati, iria me procurar para acertar a compra do apartamento", contou o antigo proprietário.
O apartamento de nº 32, diz a nota da empreiteira, foi comprado em dezembro de 2006 e "é de propriedade da Holdenn (...) para uso dos sócios da empresa". O dono do imóvel, o empresário Sidney Wajsbrot, disse, também em entrevista publicada na edição de domingo, que antes mesmo de pôr o apartamento à venda foi procurado pelo então zelador do prédio com a informação de que "o senador Sarney estava procurando um apartamento, que já tinha outros dois e queria um terceiro, para um assessor dele".
A família utiliza os apartamentos desde que foram comprados pela Holdenn, em 2006. No apartamento 22, mora Gabriel José Cordeiro Sarney, filho do deputado Zequinha Sarney (PV-MA). Antes dele, morou o irmão, José Adriano, o mesmo que iniciou a negociação concluída pela Holdenn.
'Adversário político'
Na segunda-feira, a reportagem encaminhou quatro perguntas ao deputado e reiterou o pedido de acesso ao contrato de compra e venda do apartamento. Em nota, ele se negou a fornecer o documento e classificou o Estado como inimigo político da família. "Não me interessa dar detalhes da minha vida pessoal a um adversário político que tenta me envolver numa disputa cujo único objetivo é retirar meu pai da presidência do Senado."
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