Um satélite militar estacionário, capaz de identificar, de dia ou à noite até estampas de camisetas, vigiará a capital paulista desde horas antes da chegada da comitiva do presidente George Bush ao Brasil, nesta quinta-feira, até o momento em que ele deixar o país, na sexta. As imagens serão passadas ao Pentágono, quartel-general das forças armadas dos EUA. São Paulo terá o maior esquema de segurança já visto no país para a visita do presidente americano.
Agentes do FBI (polícia federal americana) e da CIA (agência de inteligência dos EUA) já estão na cidade para a vista de menos de 24 horas que Bush fará ao Brasil. As limusines que transportarão o presidente pela cidade são blindadas e capazes de suportar inclusive explosões de bomba.
A bagagem da comitiva de Bush terá ainda combustível, peças de reposição, comida e água. A comitiva também trará provadores para que, se preciso, experimentem alimentos que serão servidos. Se necessário, há a possibilidade de dois caças brasileiros acompanharem a aeronave presidencial desde o momento em que entrar em espaço aéreo nacional.
Foram traçadas, pela segurança americana, Polícia Federal e Companhia de Engenharia de Tráfego, quatro opções de trajetos para os deslocamentos do presidente. Enquanto Bush estiver no hotel, agentes ficarão de binóculos no heliponto. Haverá ainda um rastreador de mísseis. Equipamentos semelhantes, portáteis, controlarão o espaço aéreo.
A Secretaria da Segurança mobilizará 300 homens da Polícia Civil e 1.000 da PM, 350 veículos, delegacia móvel e seis atiradores de elite.
Protestos
Bonecos caricatos, enormes balões com suásticas desenhadas, pichações nos grandes corredores de trânsito, até enxofre para ser lançado nas ruas. Vale tudo no corre-corre que os movimentos sociais iniciaram por São Paulo para tentar driblar o superesquema de segurança para a visita de George W. Bush ao Brasil.
O "Comitê de Caça a Bush", instalado pela União Nacional dos Estudantes (UNE), já diz reunir cerca de mil manifestantes, organizados em comboios, junto com as juventudes de trabalhadores da CUT e do MST.
- De alguma maneira, nem que seja em um balão bem alto, Bush verá que não é bem-vindo ao Brasil - disse Antonio Carlos Spis, dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e líder na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que congrega UNE, CUT, MST, CNBB e cerca de 60 organizações civis.
O principal ato está previsto para a tarde de quinta-feira, na Avenida Paulista, junto com as manifestações do Dia Internacional da Mulher. Para a sexta-feira, as organizações afirmam já ter reunido mil pessoas, que serão divididas em ônibus alugados por sindicatos e carros.