Assessores diretos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiram nesta terça-feira (24) na tese de que ele foi surpreendido pela prisão de José Carlos Bumlai, de quem é amigo, pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. A interlocutores, o ex-presidente tem repetido: “se ele [Bumlai] fez alguma coisa, não foi com meu aval”.
PF prende pecuarista amigo de Lula na 21.ª fase da Lava Jato
Leia a matéria completaSegundo o discurso de um colaborador de Lula, “não se pode nem confiar no que o marido faz, o que dirá um amigo”. Apesar da preocupação, a recomendação é que se acompanhe com calma o desdobramento das investigações. Na opinião de auxiliares, há conflito de informações.
De acordo com as investigações, a suspeita é que Bumlai tenha repassado ao PT o dinheiro de um empréstimo efetuado junto ao Banco Schahin.
Delator na Lava Jato, Salim Schahin, do grupo homônimo, diz que o empréstimo não foi pago. A quitação, escreveu o juiz Sergio Moro, se deu por meio da contratação do grupo Schahin para operar o navio-sonda Vitória 10.000, de US$ 1,6 bilhão, cujo negócio teria sido intermediado pelo pecuarista. Bumlai nega e diz que quitou a dívida com embriões de gado.
De acordo com representantes do grupo Schahin, para provar que falava sério, Bumlai marcou um encontro entre os executivos do banco e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que atualmente cumpre pena por sua participação no esquema do mensalão.
A vinculação entre o empréstimo do Schahin a Bumlai e o contrato do navio-sonda já tinha sido feita antes por outros delatores da Lava Jato, incluindo o lobista Fernando Soares, o Baiano, e o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, que disse ter recebido da Schahin propina de US$ 720 mil no exterior.
Representantes do grupo Schahin que fecharam acordo para colaborar com as investigações indicaram que o aval de Lula foi decisivo para que o grupo conseguisse o contrato bilionário do navio-sonda Vitória 10.000.
O juiz Moro, porém, diz que não há evidências da participação de Lula em episódios nos quais Bumlai teria usado a sua amizade com o ex-presidente. “Destaco o que parece mais relevante. Fernando Soares relatou outros três episódios nos quais José Carlos Bumlai teria invocado indevidamente o nome e a autoridade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirma o juiz no despacho.
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Deixe sua opinião